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A Revista do Expresso

Vida, obra e polémica de Paulo Mendes da Rocha, um arquiteto em construção

Paulo Mendes da Rocha inspira duas exposições e dez meses de atividades da Casa da Arquitectura espalhadas por três continentes. Visitáveis a partir desta sexta-feira e até 25 de fevereiro de 2024, as mostras são construídas a partir do acervo deste nome maior da arquitetura brasileira, doado a Matosinhos há quatro anos, numa decisão geradora de polémica ainda hoje viva no Brasil

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uma foto com data indeterminada, embora recente, em tempo ainda de pandemia, numa das muitas manifestações feitas no Brasil em protesto contra as políticas de Jair Bolsonaro, aparece uma jovem com camisola branca, óculos e máscara cirúrgica a segurar um cartaz com fundo amarelo. A negro, à mão e só com maiúsculas, escrevera: “Eu quero o Brasil de Paulo Mendes da Rocha”. Numa frase, um manifesto. Numa frase, a reivindicação de um mundo feito de respeito pela cultura dos povos, pela diversidade, por uma visão universal e humanista corporizada por alguém para quem a real questão da arquitetura, para lá de ser política, era a de saber como absorver a experiência humana continuamente. O pensamento e o universo criativo de um dos maiores arquitetos brasileiros do século XX inspira a mais vasta exposição alguma vez realizada pela Casa da Arquitectura (CA), de Matosinhos, e a mais importante alguma vez dedicada em qualquer parte do mundo a uma das últimas referências do movimento moderno.