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A Revista do Expresso

Duarte da Silva, o banqueiro do rei e do diabo que conheceu o padre António Vieira, mas esteve preso pela Inquisição

Cristão-novo, Duarte da Silva (1596-1688) colocou a sua fortuna ao serviço da Restauração de Portugal. Responsável pelo dote do casamento de D. Catarina de Bragança com Carlos II de Inglaterra, morreu como judeu em Antuérpia

MEMÓRIA Celebração em Lisboa do casamento de Catarina de Bragança com Carlos II, num painel de azulejo do século XVII existente na Embaixada de Itália em Lisboa
DeAgostini/Getty Images

Filipe Fernandes

Duarte da Silva nasceu em Lisboa em 1596, filho de um oficial cobrador da sisa, Diogo Pinto, nascido em Alter do Chão, e Catarina Henriques, ambos cristãos-novos, foi batizado na Igreja de São Nicolau, em Lisboa, e crismado na Igreja de São Julião. Os seus avós paternos eram o escrivão Duarte de Sousa e Beatriz Pinto e era sobrinho de Simão Alvarez e da mãe do nego­ciante Duarte da Silva Leão. A veia materna da família reforçou a inclinação e as oportunidades para Duarte da Silva se lançar no comércio e nos negócios.

Na década de 1620 residiu na Bahia (Brasil), onde conheceu o padre António Vieira e se cruzou com os primos/cunhados Jorge Dias Brandão e Rodrigo Aires Brandão, que faziam negócios com açúcar e representavam outros mercadores. Juntos lideravam uma vasta rede comercial que se estendia por todas as partes do Império Português e da Europa. Nesta ocasião, Duarte da Silva participou na luta contra os holandeses, que invadiram a Bahia em 1624, chegando a ser preso e levado para os Países Baixos pelos inimigos, altura em que conheceu o padre António Vieira.