Luci Pereira foi uma das estudantes da ESAD seleccionada para intervir no Hotel Bloom!, situado no centro de Bruxelas, junto ao Jardim Botânico. Viu o cartaz na escola e decidiu participar enviando o seu portfolio e um esboço do que pretendia realizar no quarto. Os responsáveis aceitaram a sua proposta e em Maio, a estudante de 25 anos voava para a capital belga para concretizar a sua ideia. Esteve uma semana a realizar o seu quarto.
Quando viveu este acontecimento, a aluna era finalista de Artes Plásticas e diz que foi "uma óptima experiência". Destacou a "a excelente forma como nos trataram". Foi paga a viagem e a estada e houve uma pessoa, com mestrado em História de Arte, que acompanhou os jovens seleccionados.
Se durante dois anos o seu quarto não for escolhido por nenhum cliente, então será decorado e pintado de novo. "Ainda ninguém me ligou, o que suponho que seja um bom sinal", disse a estudante, natural de Aveiro. Luci Pereira acha que a iniciativa deste hotel foi muito bem sucedida com divulgação em vários meios de comunicação social e porque "todos os meses havia sempre vários artistas a trabalhar", comentou.
Todos os autores tiveram em conta o tema "Bloom" (florescer) para efectuar os seus trabalhos. A finalista de artes plásticas desenhou várias linhas que parecem querer saltar para fora da parede.
Luci Pereira acha que a sua participação no Hotel Bloom! foi uma óptima oportunidade para o seu curriculum. A jovem gostaria de prosseguir agora os seus estudos académicos em Espanha ou na Alemanha.
Projecto a pensar no passeio pelo pinhalQuem também viajou, uns meses antes, até à Bélgica foi Neuza Antunes, jovem artista de Leiria, igualmente formada pela ESAD. A autora, de 24 anos, salientou a forma especial como os responsáveis do projecto lidaram com os artistas "pois eles sabem dar valor aos autores". Diz que viveu uma óptima troca de experiências com artistas de outras nacionalidades. No seu grupo estiveram incluídos autores provenientes de outras escolas de arte da Alemanha.
O quarto com a sua intervenção designa-se "The Remember of a Ideal Place" e a autora fez pinturas inspiradas nas recordações da sua infância. O seu projecto está relacionado "com o passear no pinhal perto da minha casa e de me sentir pequena no meio daquelas árvores grandes". Na sua pintura quis retratar "o jogo de luzes entre as árvores, coisa que sempre me maravilhou. A minha ideia era transportar o pinhal para a cidade", disse a jovem.
Durante este ano Neuza Antunes expôs, individual e colectivamente em Leiria, na Batalha e em Lisboa. Actualmente lecciona nas actividades extra-curriculares. Segundo esta jovem deslocaram-se a Bruxelas quatro alunos do 4º ano e um do 3º anos do curso de Artes Plásticas da ESAD. A autora concorda que seria interessante se surgisse em Portugal um projecto semelhante já que "é muito original poder-se dormir num quarto que é único".
As reservas para se poder ficar no Hotel Bloom! podem ser feitas na internet, no site www.hotelbloom.com, onde é também possível ver imagens dos diversos quartos e também dos restantes espaços, que foram intervencionados. A entrada, a recepção, as zonas de pequeno almoço e as 12 salas de conferência foram também remodeladas.Segundo informações enviadas à Gazeta das Caldas pela assessora do Hotel Bloom!, a transformação deste espaço - situado no nº 250 da Rue Royale começou de forma gradual há dois anos. A metamorfose do hotel nunca foi obstáculo para a sua rotina diária. O hotel possui 306 quartos e neste momento 234 já contam com a intervenção de "jovens artistas, estudantes das melhores escolas de artes e academias de belas artes da Europa". O objectivo é que até ao final deste ano todos contem com as intervenções artísticas.
O criador desta ideia foi Aldert Schaaphok em colaboração com a ELIA que representa 350 instituição de ensino superior de artes, activas em 47 países.
Em cada um dos quartos fica a informação e o contactos dos autores. O site faz também a divulgação dos artistas e dos seus trabalhos.
Pena que os responsáveis pela reconstrução do Hotel Lisbonense, ou quem lhes licenciou a obra, não tenham apostado em qualquer iniciativa inovadora que pudesse distinguir o hotel em termos nacionais ou internacionais. E como se vê pelo exemplo descrito antes, nem é difícil e a cidade até uma escola que forma pessoas que fazem "coisas" lá fora". Mas como diz o povo "santos ao pé da porta não fazem milagres".