Presidenciais 2021

Marcelo invoca Sampaio e poderes do PR para sair da "bolha": "Daqui a 7 dias o grande debate é como vamos resolver a crise"

Marcelo achou "notável" o artigo de Jorge Sampaio no Expresso onde o ex-PR lembra quanto poder tem um Presidente da República. E aproveitou para se colocar acima "da bolha" da campanha: "Daqui a sete dias o país está na mesma e o que foi o 'diz que disse' não vai resolver os problemas do país". Marcelo voltou à rua

JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA

"Cabe ao Presidente uma palavra decisiva sobre a solução mais compatível com o apoio parlamentar e com as necessidades do país", lê-se no artigo que Jorge Sampaio escreveu para a edição desta sexta-feira do Expresso e que Marcelo Rebelo de Sousa levou à rua para se distanciar da "bolha" da campanha eleitoral."Já cumprimentei o Presidente Sampaio pelo excelente contributo do seu artigo notável", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas que o acompanharam à Farmácia Social da Calçada Moinho de Vento, em Lisboa. E que queriam ouvi-lo responder e comentar os ataques que os seus adversários têm desferido nos últimos dias de campanha.

Mas Marcelo fugiu desse combate, argumentando que "o que verdadeiramente é mais importante é saber como vamos tratar dos problemas do país". E daí passou para a invocação a Sampaio que lhe permitiu carregar nas tintas dos poderes do Chefe de Estado num momento de "crise económica e social" como a que o país está a viver.

"O Presidente Sampaio explica de uma forma muito clara os poderes do Presidente da República, desde a arma atómica até aos poderes do dia a dia", destacou Marcelo, "e esse é o grande debate para futuro, como é que vamos ultrapassar a crise e qual o papel do Presidente da República".

Desvalorizando o "diz que disse" próprio das campanhas eleitorais - "eu já fiz muitas campanhas", afirmou - o PR/recandidato colocou-se noutro patamar. "Acho muito importante as pessoas afirmarem-se pela positiva, sem fazerem das campanhas uma coisa pessoalizada", defendeu, " para que no fim as pessoas se possam tratar como se tratavam antes".

Apostado em distanciar-se da "bolha", que tende a puxar os candidatos para "chamadas de atenção" em "tom emocional", com o objetivo de "atrair apoiantes", Marcelo Rebelo de Sousa recusou-se a responder aos ataques dos adversários (e foram muitos nos últimos dias, com Ana Gomes, por exemplo, a acusá-lo de ter sido "intermediário" entre Ricardo Salgado e os ex-proprietários angolanos do jornal "Sol").

"O fundamental é olhar para o futuro, e não tanto estar a dizer o que cada um pensa do que o outro usa, se tem barba, se não tem barba, se usa batom, se não usa batom, se realmente se penteia de uma maneira ou se penteia de outra maneira, se é bom, se é mau, se eu gosto dele, se não gosto. Por princípio, um candidato deve gostar de todos os demais candidatos", defendeu.

O distanciamento do tom da "bolha" não vai, no entanto, retirar Marcelo da rua. Embora ainda esteja sob vigilância da DGS após ter tido um teste Covid positivo não confirmado por posteriores análises, o candidato vai para a estrada de 19 a 22, dia em que termina a campanha em Celorico de Basto.

No dia 24 à noite, após conhecerem-se os resultados eleitorais, Marcelo irá para a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, onde há cinco anos fez o seu primeiro discurso de vitória.