O ex-presidente do PSD, Rui Rio, utilizou a rede social X para fazer uma ‘marcação cerrada’ ao Presidente da República. Após terem sido conhecidas as conclusões do relatório final da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde sobre o caso das gémeas luso-brasileiras imputando favorecimento e ilegalidades a todos os intervenientes bem como dizendo que a Presidência condicionou o processo, Rui Rio deixou uma pergunta:
"Será que neste caso também se pode usar para consumo público aquele ex-libris da comunicação política, pejado de convicção e de genuinidade, que é o 'a culpa não pode morrer solteira… Doa a quem doer'?"
Os inspetores apontaram o dedo ao antigo secretário de Estado da Saúde, Lacerda Sales, ao ex-diretor clínico do Hospital de Santa Maria e ao Infarmed e não esqueceram a Presidência da República. Além de deixar claro que o filho de Marcelo Rebelo de Sousa foi o principal responsável pelo início da cadeia de favor, a IGAS é perentória ao afirmar que a Presidência, num primeiro momento, recusou entregar os documentos pedidos e que isso foi uma condicionante da investigação. Ainda assim, depois superada.
Também na sexta-feira, Marcelo Rebelo de Sousa reagiu. Explicou que a recusa da Presidência em entregar e-mails sobre o caso à IGAS de deveu a questões jurídicas. "A Presidência enviou para o Ministério Público toda a documentação em dezembro. O Ministério Público considerou que era segredo de justiça", assinalou o chefe de Estado. O relatório da IGAS já foi enviado ao Ministério Público.
As críticas veladas do ex-líder do PSD ao Presidente da República não foram as únicas nos últimos tempos na rede social X. Por lá, a 28 de março, Rui Rio dizia não compreender a dissolução da Assembleia da República que deu azo à marcação de eleições legislativas antecipadas. “A dificuldade que sinto ao tentar entender a lógica da dissolução da AR, ainda é maior quando penso na da Assembleia madeirense; a não ser que a atração pela confusão e pela instabilidade seja superior a qualquer outra. Mas assim é difícil travar o descontentamento com o regime”, escreveu.
Apesar desta sua opinião, Rui Rio teve um papel ativo na campanha de Luís Montenegro ao aparecer junto do agora primeiro-ministro numa arruada em Viana do Castelo.