“Deviam ser prudentes, mais espertos e pacíficos”, ia aconselhando o Presidente da República ao chefe da missão diplomática da Palestina, Nabil Abuznaid, enquanto visitava o Bazar dos diplomatas. “O radicalismo gera mais radicalismo e desta vez o radicalismo começou por parte de alguns palestinianos”, continuou o chefe de Estado Português.
O representante da Palestina tenta falar. “isso não justifica a reação, que foi brutal”, diz Nabil Abuznaid. Mas Marcelo prossegue: “Eu sei que culpam Israel, mas desta vez foi alguém do vosso lado que começou. E não deviam.” O diplomata ainda argumenta: “Vivemos sob ocupação há 56 anos.” Mas o Presidente insiste: “Eu sei, mas não deviam ter começado”. E, percebendo por fim que é melhor não continuar, começa a retirar-se: “Bom, vamos ver o que acontece.”
O episódio marcou a tradicional passagem anual de Marcelo Rebelo de Sousa pelo Bazar Diplomático, uma iniciativa que junta as representações estrangeiras em Portugal numa venda de artigos regionais.
Depois do episódio, o Presidente justificou-se em declarações aos jornalistas, argumentando que o que fez foi pedir “moderação” e que pediu o mesmo quando passou por outras bancas, como a do Irão. “É a moderação que vai permitir caminhos para aquilo que nós queremos: que haja paz, que haja respeito pelas pessoas e a possibilidade de construção de dois Estados”, afirmou o Presidente da República para quem “o ataque terrorista justifica a legítima defesa de Israel”. Mas, acrescentou, “uma democracia tem de responder por meios democráticos”.