Uma novidade digna de registo do estado da nação de 2023 é o Presidente da República ter convocado uma reunião do Conselho de Estado, órgão que é suposto “aconselhá-lo”, para o dia imediatamente a seguir ao do comício em que qualquer primeiro-ministro facilmente transforma o último debate parlamentar antes de férias.
“É um Conselho de Estado para chatear o Governo”, comenta um conselheiro. E foi isso que Marcelo Rebelo de Sousa decidiu anunciar em maio, no rescaldo da ‘crise Galamba’, que o opôs frontalmente a António Costa. Amanhã se verá se os conselheiros do Presidente, alguns muito críticos, outros mesmo abrasivos (Cavaco sugeriu que Costa devia ponderar demitir-se) face à maioria absoluta socialista, vão ou não corresponder à expectativa inevitavelmente criada pelo gesto presidencial.