Focada nos jovens, apelando a “respostas concretas e realistas” para os problemas quotidianos dos portugueses, mas também olhando para dentro do partido e para as europeias que se aproximam. A Juventude Popular (JP) quer “Assegurar o Futuro” e é sobre esse mote que apresenta uma moção de estratégia global ao 31º Congresso do CDS-PP, a decorrer este fim de semana em Viseu.
“O regresso à Assembleia da República não deve ser encarado como o fim de uma batalha, mas sim como o início de um novo capítulo. O CDS-PP não pode agora descansar à sombra deste sucesso, mas impedir um novo retrocesso”, argumenta Francisco Camacho, presidente da JP e primeiro subscritor.
Celebrando a eleição de dois deputados para a Assembleia da República e querendo “dar voz” à “geração mais bem preparada de sempre”, a juventude partidária defende ser imperativo “permanecer atentos às oportunidades”, mas também aos “desafios”. E é precisamente por aí que o texto da moção começa.
Desafios em seis frentes
Da habitação à cultura, passando pela família, educação, emprego e segurança. São seis as “grandes vertentes da vida” onde a JP identifica desafios e para todos avança com propostas.
Na habitação, a Juventude Popular sublinha a urgência do governo e “outros atores relevantes” tomarem medidas para resolver a crise atual que “atrasa ainda mais aquela que já é a difícil saída de casa dos pais”. Nesse sentido, defende um aumento da oferta, propondo por exemplo a colocação de “100% do património público devoluto para construção de habitação a preços acessíveis, com a ressalva para todos os imóveis de interesse histórico”. Quer igualmente apoios para a compra e arrendamento, assim como um regime fiscal mais justo (com redução do IRS no arrendamento tradicional e isenção do IMT para quem se fixar no interior).
“Investir na resolução deste problema não é apenas uma questão de justiça social, mas também uma medida essencial para garantir um futuro próspero para toda a sociedade portuguesa”, atira.
Por outro lado, a JP mostra-se preocupada com a baixa natalidade e envelhecimento da população. Por isso, afirma serem precisas medidas que apoiem as famílias, que veem como o “centro do desenvolvimento da pessoa” e a base para uma aposta numa “sociedade saudável, em que a vida de todos é valorizada desde a conceção até à morte natural”.
Quanto à educação, a juventude de CDS considera que “o declínio da escola pública é uma tragédia para o país”. E propõe por isso uma série de medidas, que vão desde o reforço do investimento no Ensino Superior e investigação à “liberdade na educação” (para que as famílias possam escolher as escolas dos filhos sem a “limitação que o código postal impõe”).
Já no emprego, dizem ser necessário “quebrar o ciclo de pobreza” e “investir no potencial empreendedor e inovador da juventude portuguesa”. Entre as propostas nesta área estão reformas no IRS, a simplificação do empreendedorismo e inovação (nomeadamente reduzindo burocracias e fixando o IRC nos 12% nos primeiros cinco anos de atividade) e mais apoios para empresas e trabalhadores.
A JP destaca também a questão da segurança, diagnosticando “novos conflitos militares que ameaçam a estabilidade europeia e valores ocidentais”, ciberataques e “evolução na perceção de insegurança”. Além de querer, por exemplo, antecipar o cumprimento da meta da NATO de investir 2% do PIB em Defesa até 2030, pede uma intervenção para reforçar a proteção de dados. Por outro lado, relativamente à segurança interna, pedem um “sinal claro de que estamos preocupados com o controlo fronteiriço”, reconstruindo o SEF e criando um “sistema de quotas anuais para a imigração”.
Por fim, argumenta que “a cultura é, não só uma forma de subsistência para milhares de portugueses, como a cola que une o tecido social do país”. Por isso pedem uma “política de cultura nacional” que una “portugueses” em vez de “desunir”. E, para tal, continuam a defender a concretização do Museu dos Descobrimentos, “garantindo que papel português no mundo não seja desfigurada por exercícios de revisionismo histórico”.
Um olhar para dentro e um caminho para as europeias
Virando-se para dentro, a JP afirma que o CDS-PP tem pela frente “diversos desafios”. Por isso, incentiva o partido a olhar para vários fatores, da necessidade de rejuvenescimento e renovação da política à definição clara da identidade e propostas, da forma como o partido se deve financiar às coligações estratégicas que deve formar.
Sobre este último ponto, argumenta a JP que importa “trabalhar com base na transparência e confiança, dando palco às necessidades dos mais jovens, ouvindo e envolvendo a estrutura para que a Direita Certa volte a crescer em Portugal”.
Com as europeias à vista, a JP defende um caminho assente em “3Rs”: “reformar, revitalizar e regenerar”. “Devemos reformar e assim evitar mudanças abruptas e potencialmente revolucionárias, desde logo através de ações decisivas ao nível da economia e da energia. Devemos revitalizar alguns setores hoje mais adormecidos, como a relação com países semelhantes e tradicionalmente aliados desde logo os EUA, mas também a Noruega, a Suíça e, claro, o Reino Unido. Devemos regenerar a Europa, tornando-a competitiva e evitando a homogeneidade”, lê-se na moção.