Candidato à liderança do PS acredita que teve “razão antes do tempo”. Marcelo nunca quereria ficar para a história como o PR que foi “muleta” da esquerda e, nesse sentido, iria acabar por dissolver a Assembleia da República ou demitir o Governo, diz. Em entrevista escrita ao Expresso nas vésperas de o partido ir a votos (as eleições diretas são esta sexta-feira e sábado), Daniel Adrião assume-se como alternativa a Pedro Nuno Santos e José Luís Carneiro, contra o “unanimismo seguidista e acrítico”, diz que a democracia, no partido e nas instituições da República, tem problemas que precisam de ser resolvidos, e acredita que os acontecimentos das últimas semanas mostram um clima de “amiguismo e de compadrio” que é combustível para os populismos.
Quanto ao PS, defende que deve ser partido charneira, disponível para fazer pontes à esquerda e à direita, e acredita que o PS devia ter aproveitado o PSD de Rui Rio para fazer reformas na justiça, no sistema eleitoral, na qualidade da democracia e sobre as prioridades estratégicas de investimento.
É a quarta vez que se candidata à liderança do PS. Porquê: porque não perde a esperança ou para garantir lugares na comissão nacional?
Os portugueses só conseguiram dobrar o Cabo da Boa Esperança à quarta tentativa. Se tivéssemos desistido antes a história de Portugal e do mundo teria sido muito diferente. A persistência e a resiliência são qualidades dos vencedores. A minha candidatura não é de oportunidade e circunstancial. Candidato-me por razões de coerência e responsabilidade com o que sempre defendi. Quando a grande maioria alinhava num unanimismo seguidista e acrítico, eu e outros camaradas do movimento Democracia Plena alertámos para os perigos de não se ouvir mais a base social de apoio do PS, que clamava por mudanças, designadamente na composição do governo e no rumo a seguir. É por isso que é tão importante ter mais vozes livres nos órgãos nacionais. O que proponho aos socialistas é uma visão alternativa de governança para o partido e de prioridades para o país. Apresento-me com uma moção que tem uma visão estratégica de médio/longo prazo e a ambição de colocar Portugal no “pelotão da frente” da União Europeia no horizonte de uma geração.