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Zanga desvenda financiamento ilegal na campanha do Chega: ex-candidatos avançaram com dinheiro e partido não pagou

Partido prometeu verbas para distritais distribuírem na campanha das autárquicas, mas dinheiro não chegou e candidatos avançaram com fundos próprios – sem cobertura legal e com a promessa de devolução após o ato eleitoral. Órgão que fiscaliza as contas dos partidos pediu auditoria externa às contas enviadas pelos partidos nessas eleições

Júlio Paixão foi líder da distrital de Portalegre até ao ano passado. Diz que estava “anestesiado” FOTO Ana Baião

Vários candidatos do Chega às eleições autárquicas de 2021 acusam a direção de André Ventura de nunca ter cumprido a promessa de lhes devolver o dinheiro que avançaram, a título pessoal, para cobrir as despesas da campanha. A história podia ser apenas a de um desentendimento interno, mas neste caso representa um problema maior para o partido: o incumprimento da lei que define as regras de financiamento das campanhas eleitorais.

Inicialmente, o Expresso recebeu queixas de candidatos a autarquias alentejanas, nomeadamente Portalegre, mas os casos de “ilícitos financeiros” espalham-se por outras zonas do país: “Apesar de ter sido eleito, o dinheiro que gastei na campanha nunca me foi devolvido”, ouviu o Expresso de um atual vereador do Chega, que pediu para não ser identificado para não sofrer “ainda mais represálias” por parte da direção. Este vereador prefere não dizer quanto dinheiro gastou na sua campanha de 2021, mas garante que desde que entrou para o partido já deu por perdidos entre €30 mil e €40 mil — entre campanhas, manifestações, jantares e outros eventos. “Aqui no distrito todos os candidatos tiveram de avançar dinheiro próprio [nas autárquicas]. A única coisa que a direção prometeu foi ajudar com brindes e material, e mesmo assim alguns municípios receberam mais do que outros”, explica.