Daqui a dois anos se verá quem tem melhores condições, dentro da bancada do PS, para ser candidato à presidência da Assembleia da República. Francisco Assis diz que não sabe o que será a sua vida daqui a dois anos e explica que o acordo entre PS e PSD para a presidência rotativa do Parlamento não inclui o seu nome, mas, “naturalmente”, poderá ser equacionado.
O acordo a que Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro chegaram esta quarta-feira de manhã para desbloquearem o impasse para a presidência da Assembleia da República é um “excelente” acordo, diz Assis e que mostra a diferença dos partidos democráticos para o Chega. Em resposta aos jornalistas, Francisco Assis não hesitou em atirar ao partido de André Ventura: “A questão fundamental neste Parlamento não é o Chega”, disse. Os partidos não podem ter “medo” de falarem sobre o que é importante, defendeu.
Depois de duas eleições em que ficou à frente de José Pedro Aguiar-Branco, o PS deixa cair o nome de Francisco Assis para a presidência da Assembleia da República, mas não totalmente. Isto porque, apesar de não estar fixado no acordo de cavalheiros entre Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos quem será o candidato socialista daqui a dois anos, se a legislatura durar até lá, Assis sai do braço-de-ferro como o mais votado e com capital político.
O socialista defendeu o acordo a que os líderes chegaram porque desbloqueou um “problema institucional grave” e que mostra que os partidos democráticos se devem entender em situações de regime. Para Francisco Assis, este acordo em nada belisca a posição de líder da oposição do PS, uma vez que o Chega não é líder da oposição, mas configura, isso sim, uma “oposição ao regime democrático”.
“A questão fundamental neste Parlamento não é o Chega”, respondeu aos jornalistas, no final da reunião da bancada parlamentar do PS. “É os partidos revelarem capacidade de entendimentos nas questões institucionais” para poderem “conflituar” nas questões programáticas.
O socialistas contraria assim a ideia que o PS perde a liderança da oposição. “Porquê?” “Se entrarmos nesse tipo de raciocínio ficamos impedidos de construir consensos e ficamos reféns da agenda antidemocrática do Chega”, frisou.
“Não podemos ter medo de falar uns com os outros”, insistiu, para assim defender que este tipo de acordos significa que o PS se coloca do lado da “civilidade” na casa da democracia. Mais, para Assis, este consenso não inviabiliza a “disputa civilizada” entre os partidos democráticos que não se confunde com “uma espécie de guerra civil” em “que tudo vale para o Chega”.
Se o impasse não tivesse terminado com a proposta do PS, acredita Assis, o que vingaria seria a tentativa de crise “um ambiente negativo em torno da Assembleia da República”.
Os socialistas saíram a terreiro para defender o acordo do líder. Lá dentro, na reunião da bancada, ouviram-se aplausos aquando da apresentação da solução encontrada.
Aos jornalistas coube ainda a Eurico Brilhante Dias a defesa da opção, proposta pelo PS, para resolver o impasse. É um “compromisso institucional que nada tem de programático e não altera a condição em que o PS é a força política que lidera a oposição com programa político bem distinto” do PSD, defendeu.