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Costa, o anti-direita: a defesa do Orçamento foi feita em antítese ao PSD e… a Passos

O primeiro-ministro foi ao passado desenterrar o “enorme aumento de impostos” de Vítor Gaspar, acenou com a sobretaxa e com o “aumento de impostos” quando o PSD está no Governo

Ana Baiao

Em 21 páginas, António Costa repete 20 vezes o verbo “reforçar” e seus derivados. Na repetição está a mensagem e Costa sabe que há uma repetição que é vencedora na retórica: o regresso ao passado e a Passos Coelho. Uma semana depois de ter estado no debate quinzenal, o primeiro-ministro quis acentuar a dicotomia com o PSD, que “assusta”, enquanto o Governo “reforça”, e para isso foi ao ano de 2015 para estabelecer diferenças para com a direita, que tem um rosto e não é o do seu atual líder. O primeiro-ministro escolheu o seu interlocutor e não é o líder do PSD, Luís Montenegro, mas sim o ex-primeiro-ministro, Passos Coelho.

Numa altura em que o ex-primeiro-ministro fez saber que não pôs os papéis para a reforma, António Costa decidiu que a comparação a ser feita era a esse passado, ao último ano do Governo PSD/CDS em todas as áreas, mas sobretudo nos impostos e em especial no IRS. Para o primeiro-ministro, o IRS foi para Luís Montenegro (não nomeado) um “amor de verão” e por isso fez-lhes o que se faz a essas paixões, “enterram-se na areia”.