Resultados Legislativas 2025

Carneiro diz que ter mais votos mantém PS como segunda força política

O candidato à liderança socialista José Luís Carneiro defendeu que o PS não deve negociar o Orçamento do Estado antes de este ser entregue pelo Governo

JOSÉ SENA GOULÃO

Em declarações aos jornalistas após um encontro com a direção da UGT, José Luís Carneiro afirmou que a "maioria dos portugueses escolheu o PS para segundo partido" e que, na definição de quem é a segunda força política, o que conta são o número de votos - porque "cada voto conta" - e não o número de deputados eleitos.

"Se nós valorizamos o princípio 'um homem, um voto', significa que valorizamos cada voto. E nessa aritmética de que cada voto conta, o Partido Socialista foi o segundo partido com maior número de votos da parte portuguesa", acrescentou, questionado sobre se os socialistas, apesar de terem menos deputados do que o Chega, se mantêm como a segunda maior força política.

Carneiro disse que esta não é uma opinião sua, mas sim uma questão "aritmética", concluindo que se o PS teve a candidatura com o segundo maior número de votos é a "segunda força mais importante na relação de confiança com os portugueses".

O Chega tornou-se esta quarta-feira a segunda força política em termos de representação parlamentar, ultrapassando o PS, ao eleger dois dos quatro deputados dos círculos da emigração.

O Chega venceu em ambos os círculos da emigração, Europa e Fora da Europa, e elegeu dois deputados, o mesmo número de eleitos da AD -- coligação PSD/CDS.

O partido de André Ventura alcança, assim, 60 deputados, enquanto o PS se fica pelos 58, ao passo que, em número de votos, os socialistas continuam à frente. O PS teve 1.442.194 votos e o Chega 1.437.881 votos.

Carneiro defende que PS não deve negociar Orçamento do Estado antes de ser entregue

Questionado sobre se, como líder dos socialistas, vai exigir negociações com o primeiro-ministro antes da apresentação do Orçamento do Estado, José Luís Carneiro respondeu negativamente, acrescentando que o PS “vai naturalmente aguardar pela iniciativa do Governo” e que o executivo será “maioritário" e terá "suporte parlamentar”.

“Vamos aguardar pela proposta”, afirmou Carneiro em declarações aos jornalistas após uma reunião com a direção da UGT, na sede da organização sindical em Lisboa.

Esta posição é contrária à que foi assumida pelo último secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, que exigiu uma negociação com o Governo prévia à entrega do documento orçamental no parlamento, que resultou na viabilização - através da abstenção - do Orçamento do Estado para 2024. Após mais de três meses de debate público, de avanços e recuos, entre o Governo e o PS, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, e o líder socialista, Pedro Nuno Santos, reuniram-se por duas vezes, a sós, para negociar a viabilização do orçamento pelo maior partido da oposição.

Numa declaração inicial após o encontro com a UGT, José Luís Carneiro enfatizou o que disse ser o seu compromisso com a valorização da Agenda do Trabalho Digno, a “valorização dos salários” e o “diálogo tendo em vista valorizar e proteger os jovens trabalhadores”.

Questionado sobre as críticas dos patrões à Agenda do Trabalho Digno, Carneiro assegurou também que neste período de diálogo com pessoas e instituições pretende também “promover um encontro com as entidades empresariais e com as entidades representativas dos empresários”.

“É evidente que a compatibilização de vontades é essencial precisamente para esse objetivo, termos uma economia mais competitiva, mas que seja também mais inclusiva e que se faça com a dignificação das condições laborais”, acrescentou.

O secretário-geral do UGT, Mário Mourão, mostrou-se satisfeito pelo encontro com Carneiro, salientando que o antigo ministro “já tem provas dadas” e “soube responder e este à altura das respostas que eram necessárias” nas funções que já exerceu.