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Eleições nos Açores

Sem maioria absoluta, Bolieiro evita ficar refém do Chega e coloca pressão ao PS

José Manuel Bolieiro e Luís Montenegro desafiam os socialistas para viabilizarem governo minoritário da AD e ignoraram propostas e ameaças de André Ventura. “É uma inspiração para o que vamos fazer a partir de 10 de março para todo o país”, vincou o líder do PSD, que colocou pressão no PS, afirmando que o resultado alcançado pela coligação configura uma solução de governabilidade. O socialista Vasco Cordeiro reconheceu a derrota, mas recusou antecipar respostas sobre se o PS viabilizará um governo minoritário da AD.

EDUARDO COSTA/ Lusa

Bandeiras, foguetes, bombos e gritos de triunfo no quartel-general do PSD-Açores, em Ponta Delgada, para assinalar a primeira vitória laranja sem ter Mota Amaral a liderar. Durante a noite, na sede na Rua Conselheiro Dr. Luís Bettencourt, os ânimos chegaram a serenar e a expectativa aumentava face à aproximação das duas forças políticas. Depois da euforia inicial com a projeção da Católica – que dava clara vantagem para a coligação AD – era notório algum nervosismo, os decibéis desceram na sala e os olhos fixavam-se nas televisões à espera de mais resultados. Lá fora aguardavam já algumas dezenas de apoiantes com bandeiras do PSD e dos Açores – com a mesma expectativa, colados aos telemóveis, e à espera de José Bolieiro e Luís Montenegro, que acompanharam juntos a noite eleitoral para alinhar discursos, aguardando pelos resultados finais antes de falarem ao país.

Foi uma vitória “inequívoca” da coligação vencer as eleições regionais com 42% dos votos (com mais cinco mandatos), nas palavras de José Manuel Bolieiro, ainda que não esconda que preferia uma “maioria estável”, tal como pediu durante a campanha. Mas ficar a três deputados da maioria absoluta (26) é também como morrer na praia e pode deixar o presidente do Governo Regional dos Açores refém do Chega, que elegeu cinco deputados para o parlamento do arquipélago. Com a Iniciativa Liberal (IL) e o PAN a manterem ambos um lugar na Assembleia Legislativa, e subtraindo-se o Chega da equação, só o PS poderá viabilizar um governo minoritário.

E, por isso, foi precisamente o Partido Socialista o destinatário da primeira mensagem de Bolieiro: “O PS tem de deixar de fazer campanha pela negativa e de liderar uma coligação negativa”, sustentou ao lado de Luís Montenegro, após uma entrada triunfante, apelando à viabilização de um governo minoritário da coligação PSD/CDS/PPM. Daí passou aos argumentos: o líder regional social-democrata considerou que a perda de dois deputados do PS (de 25 para 23) mostra que o partido foi “castigado”, após ter liderado uma “coligação negativa” para rejeitar o orçamento regional.