Eleições

Pedro Nuno Santos sobre coligação de PSD e CDS: “Não é de boa memória, não nos preocupa absolutamente nada”

Em entrevista à SIC, secretário-geral do PS centra críticas aos anos da troika (relembrou com o corte de 50% do subsídio de Natal da altura), e coloca a coligação entre PSD e CDS, agora reeditada, como uma solução do passado, com “má memória” - há um mês dizia que a geringonça é que era de “boa memória”

Nuno Fox

O líder socialista, Pedro Nuno Santos, pronunciou-se sobre a coligação formada pelo PSD e pelo CDS, sob a designação Aliança Democrática, e já tem duas linhas de argumentação: coloca-a como uma solução do passado, que contrapõe ao que defende ser o seu projeto de futuro (o discurso de vitória foi à frente do slogan do aniversário do partido, “um futuro com história”); e centra as críticas, não a AD dos anos 70 e 80, mas na união dos tempos da troika, dizendo que os portugueses saíram a perder com essa coligação e o Natal é, até, uma boa altura para lembrá-lo.

“Estamos na época de Natal, e é bom lembrar que uma das primeiras medidas dessa coligação PSD/CDS em 2011 foi de cortar 50% e subsidio de Natal. E essa memória está muito presente nos portugueses”, declarou Pedro Nuno Santos numa parte de uma entrevista concedida à SIC Notícias, cuja versão integral é só transmitida na próxima semana.

O recém-eleito secretário-geral do PS quis carregar nas críticas à coligação pós-eleitoral que foi formada em 2011, quando Portugal estava a braços com o resgate financeiro externo. “Uma coligação que não fez bem ao país, que não fez bem aos portugueses, que não resolveu nenhum dos problemas a que se tinha proposto, e que agravou as condições de vida”, continuou, reagindo assim ao anúncio de uma coligação pré-eleitoral entre PSD e CDS para as legislativas de 2024, bem como para as europeias e para as bases para acordos autárquicos em 2025.

Passado vs futuro, defende PNS

Pedro Nuno Santos centra assim as atenções na solução governativa mais recente, de há uma década, em vez de se falar da AD, com a mesma designação, dos anos 70 e 80, que juntava PSD, CDS e PPM. Ainda assim, refere que a “A AD é um projeto do passado, com pessoas do passado e muito provavelmente com políticas do passado”.

“Não é de boa memória esse entendimento, e por isso não nos preocupa absolutamente nada. Queremos é pensar no futuro. Derrotar no presente uma solução do passado”, continuou o antigo ministro, agora sucessor de António Costa à frente do partido depois de ganhar as eleições internas com 61% dos votos, num discurso de vitória que fez à frente do slogan do PS para os 50 anos, “um futuro com história”.

Um ataque a uma união de direita (que não conta nem com a IL, nem com o Chega, apesar de o líder centrista ainda ontem ter lamentado por os liberais não integrarem a coligação), quando à esquerda não haverá coligações pré-eleitorais.

Há, apenas, a ideia de que, depois das eleições, possa haver entendimentos para garantir, pelo menos, a formação de governo com apoio parlamentar maioritário. Aqui já Pedro Nuno Santos pensa buscar a experiência ao passado da época da geringonça – aliás, o socialista considera que esse entendimento parlamentar do PS com forças à esquerda (BE, PCP e PEV) é que tem “boa memória”, como já dissera em novembro.