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Defesa

PS considera que Gouveia e Melo "pisou o risco" ao elogiar quem votou no Governo

O almirante elogiou o Governo e as pessoas que o elegeram, para aumentar os militares. O coordenador da Defesa do PS, Luís Dias, considera os aumentos anunciados pelo Governo como “positivos”, mas entende que o chefe militar foi longe demais e “teve falta de cuidado” do ponto de vista político, considerando os deveres de isenção partidária dos militares

Almirante Gouveia e Melo
TIAGO MIRANDA

Quatro dias depois de o Governo ter anunciado um pacote com aumentos salariais e de suplementos para os militares das Forças Armadas, o PS considera “o avanço positivo”, embora o coordenador socialista na Comissão Parlamentar de Defesa também aponte reservas.

O deputado Luís Dias diz ao Expresso ser “positivo tudo o que for feito para valorizar as carreiras dos militares”, mas argumenta que é preciso “uma estratégia mais ampla”, apontando que “o trabalho foi realizado a reboque das negociações da ministra da Administração Interna” com os sindicatos e associações das forças de segurança, sem envolver as associações da área da Defesa. Por isso, aponta para a existência de um “show off” do ministro Nuno Melo, que, na perspetiva do PS, está a beneficiar da situação orçamental deixada pelo anterior Governo. “Este trabalho não é apenas fruto deste Governo, só é possível atribuir estas verbas às Forças Armadas porque o PS colocou as contas em dia”, argumenta.

No entanto, o maior elogio às medidas partiu do próprio chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA), almirante Gouveia e Melo, numa declaração feita esta segunda-feira, não só por enaltecer o Governo, mas também por agradecer às pessoas que votaram na Aliança Democrática. "Falei com os meus militares: encontrei-os com o sentimento de que lhes está a ser feita justiça pelo Governo e pela população que apoiou o Governo", disse o almirante aos jornalistas na cerimónia de partida de uma fragata para uma missão da NATO. O deputado do PS aponta-lhe os limites políticos das palavras.