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Defesa

Revisão salarial fora do menu da tropa. Governo aposta no quadro de praças

O Governo aposta no quadro de praças no Exército e na Força Aérea, mas não num aumento significativo dos salários.

TIAGO MIRANDA

De todas as medidas elencadas pelo Ministério da Defesa Nacio­nal (MDN) ao Expresso para atenuar as saídas das Forças Armadas não consta uma solução para os maiores problemas apontados pelos militares que abandonam as fileiras: a progressão na carreira e as baixas remunerações, mencionados por 62% dos militares que saíram da Marinha, segundo um estudo noticiado pelo Expresso há duas semanas. O próprio Exército enfatiza a concorrência das polícias, que este ano atraíram mais de um terço dos contratados que saíram da tropa. O próprio Presidente da República tem avisado para a necessidade de revisão das carreiras e das tabelas salariais.

Apesar das dificuldades, o gabinete da ministra da Defesa Nacional adianta que em 2022 houve 8342 candidaturas às Forças Armadas, de que resultaram 2539 incorporações, “valores em linha com os verificados em 2018 e 2019” mas “inferiores” aos anos da pandemia, em que a perceção da “instabilidade do mercado de trabalho” pode ter contribuído para o aumento das incorporações. As medidas para enfrentar os “desafios relacionados com o recrutamento e a retenção” passam pela implementação dos Quadros Permanentes de Praças no Exército e na Força Aérea (na Marinha já existe), criado em maio, e que o Governo estima vir a representar “cerca de 20% do efetivo global do Exército e de 30% na Força Aérea”. A Defesa destaca ainda o alargamento do regime de contrato especial, que pode ir até aos 15 anos, o Plano de Ação para a Profissionalização do Serviço Militar, que a ministra reviu recentemente, e a formação profissional alinhada com o Sistema Nacional de Qualificações. O gabinete de Helena Carreiras menciona ainda as obras para melhorar as instalações e alojamentos.