No dia 20 de março de 2020 o general Luís Araújo, que tinha sido chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas (CEMGFA) entre 2011 e 2014, enviou uma carta ao então ministro da Defesa João Gomes Cravinho a queixar-se de falta de respostas por parte de Marco Capitão Ferreira, que era o presidente da Comissão Liquidatária da Empordef — a empresa que detinha as participações do Estado nas indústrias de defesa. O general, que era o representante do Estado na administração da OGMA — Indústria Aeronáutica de Portugal, procurava junto da tutela política as orientações que o gestor público não lhe tinha dado porque tinha dúvidas em relação às contas da empresa de Alverca (detida a 65% pela brasileira Embraer e a 35% pelo Estado).
A carta não teve resposta do ministro. Duas semanas depois, Luís Araújo era exonerado sem aviso prévio nem contacto pessoal e Gomes Cravinho nomeava para administradores, em nome do Estado, o próprio Capitão Ferreira e Catarina Nunes, uma economista que já tinha sido adjunta no seu gabinete. Mais tarde, seria Catarina Nunes a suceder a Capitão Ferreira na presidência da idD Portugal Defence — a nova holding da Defesa que sucedeu à Empordef —, quando o jurista seguiu para secretário de Estado da Defesa, cargo de que foi exonerado na sexta-feira passada.