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Defesa

Ministro Cravinho afastou general depois de queixa sobre Capitão Ferreira

O ex-CEMGFA Luís Araújo era o representante do Estado na OGMA quando escreveu ao ministro da Defesa a pedir orientações. A empresa queria aprovar as contas sem parecer do conselho fiscal, mas Marco Capitão, que geria as participações do Estado, não lhe deu instruções

Marco Capitão Ferreira foi nomeado presidente da idD quando Cravinho era ministro da Defesa
António Cotrim/ lusa

No dia 20 de março de 2020 o general Luís Araújo, que tinha sido chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas (CEMGFA) entre 2011 e 2014, enviou uma carta ao então ministro da Defesa João Gomes Cravinho a queixar-se de falta de respostas por parte de Marco Capitão Ferreira, que era o presidente da Comissão Liquidatária da Empordef — a empresa que detinha as participações do Estado nas indústrias de defesa. O general, que era o representante do Estado na administração da OGMA — Indústria Aeronáutica de Portugal, procurava junto da tutela política as orientações que o gestor público não lhe tinha dado porque tinha dúvidas em relação às contas da empresa de Alverca (detida a 65% pela brasileira Embraer e a 35% pelo Estado).

A carta não teve resposta do ministro. Duas semanas depois, Luís Araújo era exonerado sem aviso prévio nem contacto pessoal e Gomes Cravinho nomeava para administradores, em nome do Estado, o próprio Capitão Ferreira e Catarina Nunes, uma economista que já tinha sido adjunta no seu gabinete. Mais tarde, seria Catarina Nunes a suceder a Capitão Ferreira na presidência da idD Portugal Defence — a nova holding da Defesa que sucedeu à Empordef —, quando o jurista seguiu para secretário de Estado da Defesa, cargo de que foi exonerado na sexta-feira passada.