O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, afirmou, em entrevista ao “Diário de Notícias”, que atualmente “há mais violência e mais crimes violentos na cidade, e as pessoas estão preocupadas e querem mais segurança”.
Questionado sobre se, tal como o primeiro-ministro, ficou incomodado com as fotografias de pessoas a serem revistadas e encostadas a paredes na Rua do Benformoso, Moedas respondeu que não queria entrar nesse debate, mas sublinhou: “O que é certo é que as pessoas querem segurança. Há uma preocupação genuína, porque hoje há mais violência e mais crimes violentos na cidade, e as pessoas estão preocupadas. No terreno, tenho pessoas que me reportam que, há dois ou três anos, não era assim, e que a falta de polícia na cidade é evidente.”
Para Carlos Moedas, os sinais de insegurança em Lisboa têm-se agravado: “Seja no Martim Moniz ou na cidade em geral, é preciso mais polícia. É fundamental dar mais meios à PSP e pagar melhor aos nossos agentes. Criticar a PSP é perigosíssimo para a democracia.” Ainda assim, reconhece que “Lisboa é uma das capitais mais seguras do mundo.”
Sobre a relação entre o aumento da insegurança e a imigração, rejeitou qualquer associação: “Precisamos de mais imigrantes em Portugal e em Lisboa, porque necessitamos de mão de obra. Essa mão de obra deve ser acolhida com dignidade, mas, para isso, é essencial que existam leis e regulamentação claras em relação à imigração. Quem vem para o país deve ter uma promessa ou contrato de trabalho.”
A segurança, tal como outros temas da cidade, tem sido alvo de tentativas de “radicalização e politização”, acusou o autarca, dirigindo críticas ao PS: “Diria que é vergonhoso o que vemos. O PS e todos os presidentes de câmara e primeiros-ministros realizaram ações de segurança semelhantes à do Martim Moniz. Agora vêm diabolizar uma ação de segurança levada a cabo pela PSP, com todos os protocolos. (...) Ninguém fez nada diferente do que tinha sido feito antes, mas o PS está sempre a diabolizar e a radicalizar.”
Questionado sobre uma eventual candidatura à Câmara de Lisboa, negou ser candidato e acrescentou que ainda é cedo para discutir eleições autárquicas e candidatos de diferentes partidos. Contudo, destacou: “O Chega e o PS disputam o mesmo eleitorado em Lisboa (...) porque o PS se radicalizou. O Chega teve 11% dos votos na cidade. Onde conseguiu 20%? Em freguesias socialistas. Deixo isto como um aviso à navegação.”
Em relação à Iniciativa Liberal, afirmou que “respeita” o partido, mas os liberais cometeram "um erro" ao não o terem apoiado. “O que represento em termos de moderação é partilhado por todos os partidos que me acompanham, em especial o CDS. Contudo, tenho enorme respeito pela Iniciativa Liberal.”
Em relação ao desempenho do Governo até ao momento, Moedas considera que Luís Montenegro “excedeu as expectativas em vários aspetos, como a postura, a utilização da palavra, a institucionalidade que traz ao cargo e a sua maneira resiliente e serena.” Quanto às presidenciais, afirmou não se querer pronunciar até que os candidatos assumam oficialmente a sua intenção, mas reconheceu: “Toda a gente conhece a minha amizade com Luís Marques Mendes, mas não é o momento de fazer qualquer afirmação sobre isso.”
Na entrevista foram também abordados temas como o turismo, habitação e gentrificação da cidade, startups e inovação, Web Summit, a linha ferroviária para Cascais, alojamento local e a importância de “valorizar” a Polícia Municipal.