Política

Montenegro questiona agenda dos pedidos de documentos do caso Spinumviva

O primeiro-ministro rejeita ter demorado a responder ou ter enviado informações incompletas no âmbito da averiguação preventiva à empresa familiar Spinumviva

Luís Montenegro no debate quinzenal de quarta-feira
Tiago Miranda

O primeiro-ministro Luís Montenegro associou a data dos pedidos de documentação feitos no âmbito da averiguação preventiva à empresa familiar Spinumviva a dois momentos eleitorais, sugerindo, segundo o jornal “Público”, que houve motivações políticas nos “timings” escolhidos pelo Ministério Público e pela Polícia Judiciária.

Questionado pelo jornal sobre alegadas demoras na resposta ou a entrega de informação incompleta, o gabinete de Montenegro considerou essas notícias “incorrectas”. O governante afirmou ter respondido apenas a dois pedidos, “um em plena campanha eleitoral legislativa e outro agora em vésperas da campanha eleitoral autárquica”, acrescentando que a informação enviada “nunca foi incompleta”.

Na semana passada, o Ministério Público solicitou novos documentos ao primeiro-ministro no âmbito da mesma averiguação. O procurador-geral da República, Amadeu Guerra, confirmou em entrevista ao jornal “Nascer do Sol” que o Departamento Central de Investigação e Ação Penal pediu mais elementos para concluir o processo.

Montenegro garantiu que esses documentos são apenas “informação complementar”. Sem revelar o conteúdo do pedido, justificou o silêncio por se tratar de “informação interna do processo”. No entanto, disse então aos jornalistas, à margem de um encontro com o candidato do PSD à Cãmara do Porto, Pedro Duarte, que “não é nada de mais” e assegurou: “Aproveitarei, nomeadamente a tarde de hoje, para tentar reunir os documentos que me foram solicitados, enviá-los o mais rápido possível”.

A polémica em torno da Spinumviva surgiu após revelações de que a empresa familiar de Montenegro se dedicava, entre outras atividades, à compra e venda de imóveis. As notícias levantaram dúvidas sobre uma eventual atividade profissional paralela do primeiro-ministro ao exercício de funções governativas, bem como sobre a identidade dos clientes da sociedade e potenciais conflitos de interesse.