Marcelo Rebelo de Sousa não o disse, mas o tom da sua despedida de António Costa podia ter tido como legenda 'Tudo está bem quando acaba bem". Não é líquido que os membros do Governo que com ele partilharam uma manhã de trabalho à mesa do Conselho de Ministros saiam com a mesma sensação (afinal, foi Marcelo quem aceitou a demissão do Executivo), mas Presidente da República e primeiro-ministro escolheram fechar os oito anos de coabitação em modo cúmplice. Com Marcelo a puxar pelo que de melhor a sua relação com os três Governos socialistas deixará para os registos da história.
“Houve solidariedade nacional. A solidariedade institucional transformou-se em solidariedade nacional”, afirmou o Presidente, empenhado em passar a mensagem de que, independentemente das guerras políticas, atropelos, humilhações, remoques e dissoluções do Parlamento, que marcaram a sua relação com António Costa (Marcelo resumiu as curvas deste caminho em “pontos de vista diferentes” e “divergências”), no essencial um e outro deram primazia ao interesse nacional.