O candidato à liderança do PSD/Madeira Manuel António Correia defende que, em nome da coerência, o Presidente da República deve convocar eleições antecipadas na região, para legitimar uma governação com "novos protagonistas" políticos.
"Em coerência, além de achar que o senhor Presidente da República tenderá para isso - obviamente deixo ao seu arbítrio político -, eu entendo que a Madeira precisa de entrar numa era nova, com novos protagonistas e novas políticas", disse o ex-secretário regional, em entrevista à agência Lusa.
Manuel António Correia vai disputar na quinta-feira as eleições internas do PSD/Madeira com o atual líder regional, Miguel Albuquerque, que se demitiu da presidência do Governo Regional -- atualmente em gestão - na sequência de uma investigação judicial sobre suspeitas de corrupção no arquipélago, na qual foi constituído arguido.
"Tenho de defender eleições, até para relegitimar os dirigentes", frisou, destacando a importância do respeito pelo eleitorado, que não permite "criar uma solução de laboratório".
"Enquanto não houver essa relegitimação política, haverá sempre desconfiança", insistiu.
Manuel António Correia referiu que a atual direção do partido "já falhou a maioria absoluta duas ou três vezes e a perspetiva que tem é negativa", pelo que "a única hipótese de ter a governação estável é uma mudança de direção."
Sondagens recentes sobre as legislativas madeirenses indicam haver 25% de indecisos, afirmou, admitindo que podem ser pessoas a aguardar se há "uma mudança estrutural" no PSD.
Questionado sobre se estaria disponível para coligações para garantir uma maioria absoluta na região, respondeu que se deve ir por partes: "A primeira tentativa é fazer uma aliança com o povo madeirense, recuperar votos, acrescentar votações."
Ainda que confinante na possibilidade de "recuperar o eleitorado e ter estabilidade governativa", o antigo secretário regional do Ambiente e Recursos Naturais (durante a governação de Alberto João Jardim) responsabiliza o "partido dominante" - o PSD - pela atual crise política.
"O facto de haver duas listas é a solução, não é o problema, [porque] o partido está numa circunstância em que precisa de clarificação, relegitimação e uma refundação", defendeu o também ex-presidente do Instituto da Habitação da Madeira.
No seu entender, é injustificável haver dirigentes que, "mais do que pensar uma solução para a região e o partido, estejam agarrados ao poder".
A sua candidatura, garantiu, "nunca será um problema: será, sim, a solução" e está vocacionada para o futuro.
"Não vou olhar para o retrovisor. Vou gerir pelo espelho mais largo que exista de forma transparente, com maior luz, criando alegria e esperança, que nos têm faltado na região e no partido", afirmou.
Sobre os focos da sua eventual governação do arquipélago, Manuel António Correia apontou a importância de "uma forte ligação às pessoas na sua vida concreta", com medidas para reduzir a pobreza, distribuir melhor a riqueza e libertar a classe média, que, considerou, desapareceu nos últimos anos, a nível social e empresarial.
Uma redução da carga fiscal do Imposto sobre o Rendimento Singular (IRS) também para o 6.º e o 7.º escalões e uma retoma da política de habitação social - que "regrediu" e tem sido "inexistente" - estão entre as suas propostas.
Quanto à saúde e à educação, que sublinhou representarem uma grande despesa no Orçamento Regional, o social-democrata disse serem responsabilidades constitucionais da República, pelo que deve haver a respetiva comparticipação.
Por outro lado, pretende cumprir as promessas em falta de Miguel Albuquerque de limitar a presidência do Governo Regional a três mandatos e igualar o regime de incompatibilidades dos titulares de cargos políticos da Madeira aplicado a nível nacional.
A 24 de março, passados seis meses sobre as eleições regionais, termina o prazo em que a Assembleia Legislativa não pode ser dissolvida. O chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, irá então decidir se avança com a dissolução e a marcação de eleições.
Caso não o faça, o representante para a República na Madeira, Ireneu Barreto, vai nomear um novo Governo Regional, solução aceite pelo PAN - com quem o PSD assinou um entendimento parlamentar - desde que Albuquerque não seja reconduzido.