Miguel Pinto Luz acredita que o PSD terá “muitas condições de governabilidade” e que pode não ser necessário apresentar orçamento retificativo. Em entrevista ao “Público” e à “Renascença”, o vice-presidente dos sociais-democratas compara este ciclo governativo com o Governo de 1985. “O PRD teve mais de um milhão de votos, muito similar àquilo que o Chega teve, e nós tivemos 29%. E foi talvez o Governo mais reformista. Foi tão reformista que garantiu que os portugueses acreditassem tanto no professor Cavaco que lhe deram duas maiorias absolutas a seguir.”
Pinto Luz defende que agora há até “maior elasticidade de governação agora do que noutros cenários que teríamos no passado”. O cabeça-de-lista do PSD pelo círculo de Faro admite que nem seja necessário um documento retificativo do OE já aprovado no Parlamento. “Este governo começará a governar com o Orçamento que tem hoje e, portanto, a questão do orçamento rectificativo não sabemos se é necessário. Quando lá chegarmos é que vamos ver. Se existirem folgas, não será necessário rectificativo.” Por isso, Pinto Luz também apontou aos restantes partidos - PSD vai governar com o CDS e independentes -, mobilizando-os: “Eu quero perguntar à esquerda se votará a favor ou contra a redução do IRS. Quero perguntar à nossa direita, à Iniciativa Liberal e a todos os partidos à direita, se estão a favor, ou não, da nossa visão para a saúde, que é uma visão de complementaridade. O que é que a esquerda e mesmo a direita vão dizer em relação ao complemento social para idosos?”
Garantindo que não há condições para novas eleições antecipadas, número dois do PSD referiu ainda, durante a entrevista, que, se o PS dificultar a vida ao PSD, será penalizado, e apelou à responsabilidade de todas as forças políticas. Pinto Luz defendeu mesmo que, quando o Governo de 1985 fez uma “boa” governação, em seguida Cavaco Silva conseguiu maioria absoluta. “O interesse dos portugueses tem de ser colocado primeiro. Agora vamos ver se o único adulto na sala era mesmo só Luís Montenegro, se existem ainda adolescentes ou na puberdade que possam crescer e ter o sentido de Estado que é exigido. O país não pode, não aguenta mais crises, não aguenta mais a política de terra queimada. Se formos por aí, a AD será beneficiada, porque a sua responsabilidade será premiada e os populismos voltarão também a crescer.”