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Política

Disputas de protagonismo atropelam apelos à união de esquerda

Bloco foi o primeiro a pedir “convergências”, PCP decidiu ir mais longe, marcando terreno com moção de rejeição ao eventual governo AD. Rui Tavares ainda aposta numa reviravolta

PCP foi o que mais perdeu à esquerda, reduzindo a bancada de seis para quatro parlamentares
Ana Baião

A vitória da AD não esvaziou a esperança da esquerda em voltar a influenciar o Governo, nem mesmo o travão imposto por Pedro Nuno Santos quando assumiu que ocuparia o lugar de oposição. Com as eleições a colocar a direita democrática apenas sem vantagem sobre a esquerda (sem os votos dos círculos eleitorais da emigração, PS, BE, PCP e Livre têm 90 deputados e AD e IL 87), há ainda quem suspire por uma viragem no ciclo político. Depois de Rui Tavares ter sugerido um Governo minoritário de esquerda, foi Mariana Mortágua que pediu reuniões aos partidos à esquerda com o objetivo de apresentar “uma alternativa para governar Portugal”, como disse na entrevista à CNN. Já o PCP optou por uma estratégia de ataque direto ao Governo que ainda não existe, anunciando uma moção de rejeição, mas mostrou-se disponível para “toda a convergência”. O PS parece, assim, ser o único partido da esquerda a aceitar o papel de oposição. Mais: a aceitar e a nem sequer colocar obstáculo ao Governo de direita, com Pedro Nuno Santos a reafirmar na noite eleitoral que não apresentará nem irá aprovar qualquer moção de rejeição ao programa do novo Governo. Ou seja, a moção comunista não conseguirá apoio.