Em entrevista à TSF, o ex-Presidente da Assembleia da República e ex-líder do PS Eduardo Ferro Rodrigues aconselha Marcelo Rebelo de Sousa a apostar na máxima estabilidade política e a afastar de cena novas eleições num horizonte próximo. Ferro não acredita que Portugal vá de novo a votos este ano e coloca como prioridade política “combater a extrema-direita" que saiu reforçada das eleições de domingo.
O alerta deixado por Ferro desaconselha pressas, por acreditar que “combater a extrema direita não se faz em poucos meses”, e remete para o palácio de Belém conselhos de uma gestão serena e apostada em evitar percalços, por parte do Chefe de Estado.
“O Presidente da República só tem um caminho que é indigitar Luís Montenegro como primeiro-ministro", afirma Ferro Rodrigues, pedindo a Marcelo que se foque no que na sua opinião é mais importante neste momento: "dar tempo” ao líder da AD para conduzir o Governo e a Pedro Nuno Santos “para reconstruir a esquerda”.
Convicto de que, embora o crescimento dos populismos e das direitas radicais seja uma tendência internacional, há um fator que, na sua opinião, contribuiu para toda a situação no nosso país - a grosseira intervenção do poder judicial no poder político.
“A ação judicial pôs em causa a estabilidade política no Estado de direito democrata", diz Ferro na conversa com a TSF, sublinhando que por cá "hoje os motivos e as explicações para a subida da extrema-direita são ainda mais palpáveis do que noutros pontos do mundo”.
Ainda assim, o antigo líder do PS não acredita que a maioria dos votantes no Chega o façam por ideologia, mas sim “por descontentamento”. E é para combater as razões dessa zanga que encorpou o partido de André Ventura que Ferro pede tempo. Quer a esquerda, quer a direita moderada, vão ter que parar para pensar como gerir a nova conjuntura. A AD no Governo e o PS na oposição.