Foi o primeiro debate de Pedro Nuno Santos com um parceiro de uma eventual maioria de esquerda e foi a primeira oportunidade para o líder do PS inaugurar o que irá - provavelmente - fazer nos embates seguintes com os ex-parceiros da “geringonça”: a dramatização do apelo ao voto útil. “Ao contrário de 2015 e de 2022, em 2024 as eleições são mesmo disputadas e o risco de a AD ganhar é real”, começou por dizer, alertando o eleitorado de esquerda de que não deve ‘desperdiçar’ votos com os partidos mais pequenos. A única forma de a esquerda ser maioritária é com o PS a ganhar. Rui Tavares, na réplica, tentaria outra via de argumentação: é a esquerda que tem de crescer em “maturidade” para assegurar a “estabilidade” que o PS sozinho não conseguiu garantir.
Além dos temas da habitação, saúde e devolução do tempo de serviço aos professores, grande parte do debate ficou marcado pelas condições de governabilidade que a esquerda pode ou não garantir no pós-10 de março. E começando com o caso dos Açores - onde o PS decidiu não dar apoio a um governo de maioria relativa da Aliança Democrática -, Pedro Nuno Santos foi forçado a explicar o que faria caso o cenário ‘Açores’ se repetisse no todo nacional. E Pedro Nuno Santos, que até aqui tem recusado comentar qualquer cenário de derrota do PS, foi pela primeira vez mais claro: o PS governa se ganhar as eleições e/ou tiver maioria de esquerda, e “lidera a oposição” se não ganhar ou não tiver maioria de esquerda. Logo, não irá obstaculizar um governo minoritário da AD se não tiver uma maioria alternativa para a troca.