A exploração de minerais, incluindo o lítio e os caulinos, “não traz nenhuma vantagem para Portugal”, disse Mariana Mortágua à saída das instalações da Junta de Freguesia de Figueiró do Campo, naquele concelho do distrito de Coimbra, após ter participado numa apresentação pública do Movimento Contra a Exploração de Caulinos Soure Norte. Este é “mais um negócio em que se muda o ambiente e o território, sem qualquer vantagem para as populações”, atirou.
A dirigente bloquista salientou que, na concessão de Soure Norte, cuja prospeção foi entregue a uma empresa multinacional espanhola, “é uma área equivalente a 600 campos de futebol” que pode vir a ser escavada a céu aberto, havendo riscos de contaminação do ar e dos mananciais de água da região com partículas perigosas de sílica e alumínio.
“Vai muito provavelmente trazer problemas graves de saúde”, acentuou, repondo aos jornalistas o essencial das posições do Bloco de Esquerda nesta matéria, explanadas antes às dezenas de habitantes presentes na sala.
Para a líder do partido, seria importante que o país “já tivesse aprendido” com anteriores situações semelhantes de extração de minerais, tendo em conta as consequências que tiveram para a economia nacional, para o ambiente e para as condições de vida das pessoas.
“Em Portugal [pela ação política de diferentes governos], reina a hipocrisia em relação ao ambiente”, disse, para defender que é necessário impedir que “o país se venda por tuta e meia”.
Na sua opinião, “ou se está ao lado do negócio, ou se está ao lado das populações”, sendo esta última a opção do Bloco de Esquerda.
Mariana Mortágua estava acompanhada pelo cabeça de lista do BE por Coimbra às eleições legislativas de 10 de março, o historiador Miguel Cardina, no contexto de uma visita ao concelho de Soure “para acompanhar a luta contra a exploração de caulinos e outros minerais associados na região”.
Na sessão, intervieram também o ativista Jorge Góis, do Movimento Contra a Exploração de Caulinos Soure Norte, e o médico António Azenha, especialista em doenças respiratórias, que tem apoiado a contestação local à extração de caulinos.