Política

IL, Bloco, PAN e Livre admitem comissão de inquérito à gestão da Global Media, PS e PSD não se pronunciam

Socialistas e sociais-democratas garantem estar atentos à situação do grupo que detém o “Diário de Notícias”, o “Jornal de Notícias” e a TSF, mas não se pronunciam quanto à hipótese de uma comissão parlamentar de inquérito

TIAGO MIRANDA

Os liberais juntam-se ao Bloco de Esquerda, ao PAN e ao Livre na defesa da criação de uma eventual comissão parlamentar de inquérito à gestão do grupo Global Media, detentor do “Diário de Notícias”, “Jornal de Notícias”, “O Jogo” e a TSF, na próxima legislatura. Os dois maioria partidos, PS e PSD, contudo, não tomam posição.

Esta quarta-feira, o líder da Iniciativa Liberal (IL), Rui Rocha, considerou que se não houver uma “clarificação” sobre a situação da empresa com as audições no Parlamento deverá ser criada uma comissão de inquérito à gestão do grupo de comunicação social. “Creio que, existindo dúvidas, e parece-me que com as audições na Assembleia da República as dúvidas se adensam, seria desejável que na próxima legislatura pudéssemos avançar com uma comissão de inquérito, se até lá não houver uma clarificação dos pontos pendentes”, afirmou Rui Rocha, em declarações aos jornalistas à margem de uma visita à estação de comboios de Agualva-Cacém, em Sintra

Segundo o presidente da IL, o partido estará disponível para avançar ou apoiar todas as comissões de inquérito que “tenham vantagem para o esclarecimento do que se passa” em benefício "para os trabalhadores que eventualmente poderão estar a ser prejudicados por atos de gestão menos claros e menos transparentes”.

Na quinta-feira, Rui Tavares avançou também que o Livre pondera avançar com a proposta de criação de uma CPI ao Global Media na próxima sessão legislativa. "Onde é que esse valor foi parar? Para que bolsos, de que maneira? Isso é preciso esclarecer, quanto mais não seja para retirarmos ensinamentos, porque sabemos que ter um jornalismo forte e uma imprensa livre é importante para a democracia", justificou o deputado do Livre.

Também a deputada Joana Mortágua já assegurou que o BE não rejeitará uma comissão de inquérito à gestão do Global Media se as dúvidas sobre a situação do grupo continuarem na próxima legislatura. "Se as dúvidas se adensarem e se houver matéria para isso, nós nunca nos escapamos nem evitamos tal caminho, mas é tema que nem vale a pena discutir agora", frisou.

Já no dia 4, o PAN tinha também admitido propor uma comissão de inquérito na próxima legislatura. “O PAN está a considerar a possibilidade de uma comissão de inquérito à Global Media Group no início da próxima Llgislatura e avaliará quais medidas podem ser tomadas para assegurar o pagamento dos salários dos trabalhadores afetados e para assegurar a preservação do espólio e outros bens do Grupo”, afirmou Inês de Sousa Real.

Questionados pelo Expresso, PS e PSD rejeitaram, contudo, pronunciar-se quanto à hipótese de uma comissão parlamentar de inquérito ao Global Media Group (GGM). Os líderes dos dois maiores partidos, Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro, admitiram esta quarta-feira estar preocupados com a situação do grupo de comunicação, mas não avançaram com possíveis soluções.

O secretário-geral socialista disse apenas desejar que seja superada a crise no GMG "o mais depressa possível" e sejam pagos os salários em dívida aos trabalhadores. E prometeu que o PS irá iniciar as diligências necessárias com vista a reunir-se com o Sindicato dos Jornalistas para ficar a par do “panorama geral” do sector, que é “central” para o funcionamento da democracia.

Já o presidente dos sociais-democratas recusou que a compra de uma participação privada na agência Lusa pelo Estado possa assegurar “estabilidade financeira” ao GGM, depois de o partido não ter dado luz verde ao negócio em dezembro.