Política

Pedro Nuno Santos sobre a compra de ações dos CTT: “Obviamente que sabia e obviamente que concordo com o que foi feito”

Líder do PS defende que compra de ações dos CTT tentou limpar “asneiras” do PSD, e recusa que tenha sido moeda de troca para apoio do PCP. Se for Governo, Pedro Nuno Santos não prevê fazer mais investimentos no capital dos CTT

Nuno Fox

“Obviamente que sabia e obviamente que concordo com o foi feito”: Pedro Nuno Santos, secretário-geral do Partido Socialista, decidiu esta quinta-feira falar mais abertamente sobre o investimento feito pela empresa estatal Parpública nos CTT, em que foi comprado 0,24% do capital em 2021, mas a intenção era ascender aos 13%, o que não aconteceu.

“Eu não conduzi o processo”, garantiu, apesar de ser o ministro das Infraestruturas na altura, dizendo que a concretização coube ao Ministério das Finanças. Aos jornalistas, no Parlamento, Pedro Nuno Santos assegurou que nunca disse que não sabia e remeteu explicações para o Governo. Foi a forma de responder às críticas da oposição, depois de Luís Montenegro, líder do PSD, o ter acusado de estar a sacudir água do seu capote.

Aos jornalistas, esta quinta-feira, Pedro Nuno respondeu também que não está previsto qualquer investimento adicional nos CTT caso consiga chegar ao Governo. “Não está previsto”, repetiu. “O que queremos é trabalhar com os CTT para um serviço de qualidade”. Mas sem excluir qualquer hipótese.

Ataque à privatização

Pedro Nuno Santos critica a oposição por ter pegado neste assunto, e aproveitou para atirar contra o Governo de Passos Coelho: “Fez uma privatização desastrosa, que lesou o interesse nacional, do Estado, dos portugueses. O PSD devia era estar preocupado em pedir desculpa pelo processo de privatização, em vez de estar preocupado com 0,24% de ações dos CTT”, atacou, em declarações transmitidas pela SIC Notícias.

“Não podemos corrigir todas as asneiras do governo PSD e CDS”, concretizou – palavras ditas agora que os dois partidos se juntam numa coligação para a candidatura às legislações. Uma forma de transmitir que não havia margem para trazer de volta a empresa para o Estado.

Para além disso, não deixou passar a oportunidade de uma bicada a Montenegro: “Quero lamentar a forma como o líder do PSD decidiu fazer combate político. Há limites, temos de nos respeitar, eu respeito o meu adversário”.

Sem moeda de troca, mas assume charme

O secretário-geral do PS defendeu que, ao contrário do noticiado, esta aquisição em mercado “não é moeda de troca”. No entanto, “quando há negociações para o Orçamento, sabemos qual a posição dos outros partidos. E o PCP, e também o Bloco, defendiam o controlo público da empresa”, acrescentou. Aliás, o PCP também o referiu, dizendo que não deu relevo a esta aquisição.

O antigo ministro defendeu que a empresa hoje presta um pior serviço do que quando era pública, e referiu, tal como pouco depois disse o primeiro-ministro, António Costa, que a privatização dos CTT acabou por tirar a infraestrutura de distribuição de serviço postal do Estado, ao contrário, por exemplo, do que ocorreu com as estradas, em que a infraestrutura é do Estado (acabando por haver a concessão a empresas para a sua operação posteriormente).

No caso dos CTT, é sempre obrigatório negociar a concessão de serviço público, porque não há alternativa e, assume Pedro Nuno, isso acaba por criar um “problema de concorrência” porque, “quando acaba a concessão, o Estado só tem uma empresa” com quem negociar.

A compra de ações dos CTT pela Parpública, por determinação do Governo, foi noticiada pelo Jornal Económico esta semana, e tem sido alvo de críticas dos partidos à direita, sobretudo por falta de transparência do Executivo na transmissão dessa informação.

notícia atualizada com mais informações pelas 16h00