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"Não vamos começar do zero". Pedro Nuno abraça legado de Costa e inicia ataque ao PSD e extrema-direita

Pedro Nuno Santos deixou juras de “gratidão eterna” e promessas de “continuidade” a António Costa no jantar de Natal socialista. Costa, Eurico, Santos Silva e Pedro Nuno quiseram mostrar que o PS está “unido” (apesar de não terem referido José Luís Carneiro) e em campanha contra o PSD de Montenegro e Passos - que acusam de estar refém do Chega

NUNO BOTELHO

O Natal é um momento de união e partilha, e foi assim que o PS - na invulgar situação de ter um primeiro-ministro demissionário e um novo secretário-geral eleito - tentou encarar a quadra em pleno arranque de mais uma campanha eleitoral. Dias depois da contenda interna, e apesar de nem Costa, nem Pedro Nuno, nem sequer Eurico Brilhante Dias ou Augusto Santos Silva, que foram apoiantes de José Luís Carneiro na corrida, terem referido o nome do candidato perdedor, o objetivo foi mostrar que o partido está unido (entre o que foi com António Costa e o que vai ser com Pedro Nuno) para enfrentar as eleições legislativas contra o PSD de Luís Montenegro e Passos Coelho.

Ainda sem programa, sem propostas e sem equipa definida, Pedro Nuno Santos, com António Costa à mesa, mostrou em menos de 20 minutos o que pretende fazer: abraçar por completo o legado da governação socialista ("a dívida para com António Costa é infinita e eterna"); puxar pela experiência executiva que os quadros do PS têm, ao contrário de Luís Montenegro, que “tem uma profunda incapacidade de decisão”; usar o recém-aparecido Passos Coelho para encostar o PSD ao Chega na linguagem, estilo de fazer política e na promessa de instabilidade; e descolar-se q.b. da imagem de esquerdista amante da geringonça que lhe ficou colada à pele de forma pejorativa, pondo-lhe o selo costista por cima: a ideia foi dele, foi ele que sempre acreditou.

“Ao contrário do que muita gente pensa, eu tinha [em 2015] muitas dúvidas de que era possível” um acordo de governação com o Bloco de Esquerda e sobretudo com o PCP, assume Pedro Nuno Santos, contando histórias daquele período em que António Costa lhe confiou a missão de negociar, à vez, com ambos os partidos. “Após cada reunião, eu ia ao Rato dar nota das negociações. A dada altura, achei que estava tudo bloqueado, sobretudo com o partido que eu conhecia menos bem do que o outro [o PCP]. E o secretário-geral perguntou-me: mas o que se passou? Eu dizia ‘passou-se isto e aquilo’, e ele respondia: ‘então correu muito bem, tem é de se habituar à forma de trabalhar’ daquele futuro parceiro de governação”, que António Costa historicamente conhecia bem - mas Pedro Nuno não.