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Política

De novo em frente a jovens, Marcelo esquece as polémicas e diz que quer voltar a ser professor

O Presidente da República voltou a vestir a pele de professor para falar aos jovens sobre a Europa que gostaria de ver no futuro – de “cooperação” e sem “egoísmos”. Antes, voltou a lembrar que quer “matar saudades” de lecionar após a conclusão do mandato. De fora, ficaram os temas da atualidade política

TIAGO PETINGA

Com o auditório com mais de 500 jovens, Marcelo Rebelo de Sousa aproveitou para se afastar dos temas polémicos que o têm perseguido – como o caso das gémeas luso-brasileiras – e “matar saudades” dos tempos em que dava aulas. “A minha vida foi estar entre jovens, tenho saudades desse tempo”, desabafou assim que subiu ao palco do auditório da Fundação Calouste Gulbenkian para encerrar a “Conferência Democracia: colocar a juventude no centro da participação”, esta quarta-feira, dia 6. Antes de se lançar num discurso sobre a Europa e os desafios no futuro, o presidente da República reafirmou a vontade de regressar ao papel de professor assim que terminar o seu último mandato, algo que já tinha revelado durante a última campanha às presidenciais. “Espero matar essas saudades [do papel de professor] dentro de um ano e meio, dois anos”, declarou.

Marcelo Rebelo de Sousa juntou-se ao coro de vozes que, durante o dia, defenderam a importância de haver mais jovens nos “lugares de decisão”. Recuando ao seu percurso de vida, o presidente lembrou que foi deputado aos 25 anos e que aos 26 participou na “votação da Constituição”. “A política nasceu com jovens de 20 e 30 anos”, lembrou. Agora, a realidade mudou drasticamente: os partidos estão “envelhecidos” e os jovens afastaram-se dos processos democráticos. “Os regimes envelhecem quando se olha para um político de 40 anos e se diz que é jovem. É um problema de mentalidade, de cultura cívica e é fundamental resolver para se construir uma Europa e uma democracia mais forte”, disse. Uma das formas de caminhar em direção a uma solução é convencer os “velhinhos” a “ceder lugares”, nomeadamente, nos “lugares de decisão”. “É crucial que os mais jovens tenham um papel na política, administração pública, sociedade civil, atividade económica da maior importância, entre os parceiros económicos e sociais. É na vossa idade que se molda o mundo”, disse.

Apesar do discurso otimista, o presidente da República reconheceu os vários “desafios” que os jovens enfrentam como as consequências da pandemia, da guerra da Ucrânia e do agravamento da crise no Médio Oriente. “Calhou tudo ao mesmo tempo. E calhou nas vossas mãos, é assim”, atirou.