No próximo mês de dezembro vão a votos dois PS. Como a água e o azeite, as duas alas que se confrontarão nas eleições diretas do pós-Costa não se misturam, nem em termos ideológicos nem de posicionamento político de alianças. Só quando a luta aquecer, no pós-eleições, os dois lados poderão aparecer unidos, mas, para já, Pedro Nuno Santos e José Luís Carneiro assumem visões opostas. Se o primeiro leva vantagem nas estruturas do partido, o segundo responde com apoios de peso de senadores (costistas). Se o primeiro admite uma reedição da ‘geringonça’, o segundo abre a porta a deixar o PSD governar, mesmo que minoritário. A campanha no PS começou e será mais quente do que o previsto.
Na primeira semana de campanha interna para o partido ficou visível a diferença entre as duas correntes que viveram os últimos nove anos debaixo do chapéu da liderança de António Costa. E é na herança do costismo que começa a separação das águas. Ou melhor, nas heranças. Pedro Nuno Santos lembra que foi o primeiro presidente de federação a apoiar Costa (contra Carneiro, que estava com Seguro), abraça o lema de Costa “emprego, emprego, emprego” e defende que a ‘geringonça’ não pode ser um “parêntesis”; enquanto Carneiro abraça o lema das “contas certas” e admite diálogo “com o centro-direita”, deixando antever que poderá viabilizar um Governo minoritário do PSD para que este não tenha de recorrer ao Chega: “Não será por mim que o Chega chega ao poder”, respondeu em entrevista à TVI. Pedro Nuno Santos responde apenas que trabalha num cenário de vitória do PS.