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João Galamba provocou Marcelo e ignorou TAP: assim terminou o debate orçamental

Orçamento do Estado para 2024 foi aprovado, na generalidade, só com os votos do PS e a abstenção do PAN e Livre. Pizarro e Galamba foram a jogo, com o ministro que Marcelo queria que tivesse saído do Governo a citar o Presidente da República na defesa de um “bom orçamento” que “segue o único caminho possível”. TAP ficou à porta

TIAGO MIRANDA

Depois de muitas críticas da oposição centradas nos problemas no setor da saúde, no aumento dos impostos indiretos e com a esquerda a acusar o Governo de fazer o que a direita faria, o Governo pôs Manuel Pizarro a fazer a defesa da reforma do SNS (tendo o ministro saído a meio do debate para ir para nova ronda negocial com os sindicatos dos médicos) e pôs o ministro das Infraestruturas, João Galamba, a encerrar o debate orçamental, ao fim da tarde desta terça-feira. A escolha do ministro que esteve no centro do furacão quando, no final de abril, um conflito tornado público com um ex-adjunto levou ao episódio mais tenso da coabitação entre Belém e São Bento, foi entendida até por deputados socialistas como uma “provocação” do primeiro-ministro ao Presidente da República.

Sem direito a pedidos de esclarecimento por parte dos deputados, uma vez que é o Governo quem tem a última palavra, Galamba subiu à tribuna munido de um discurso escrito de 22 páginas onde enumerou os vários investimentos que tem em curso, inclusive na área das infraestruturas. Mas sem falar uma única vez no polémico dossiê da privatização da TAP - cujo decreto de privatização foi vetado por Marcelo Rebelo de Sousa na última sexta-feira, com receios de falta de transparência num processo que parece estar a ser feito à medida do futuro comprador.

O Governo ainda não disse o que faria para contornar o veto, com o primeiro-ministro a limitar-se a responder com um curso comunicado dizendo que “registava” as preocupações do PR e a acrescentar que seriam “devidamente ponderadas”. Ao que o Expresso sabe, a intenção do Governo será “densificar” o decreto para dar resposta a Marcelo e evitar um braço de ferro. A ideia do executivo é ter o processo de privatização concluído até ao primeiro semestre de 2024, mas sobre isso, João Galamba, que tem a tutela da TAP partilhada com as Finanças, nada disse.