No dia seguinte à apresentação do Orçamento do Estado, a saúde regressou à Assembleia da República (AR) a pedido do PSD. No debate de urgência, o social-democrata Miguel Santos acusou o Governo de colocar o SNS numa situação de “catástrofe” e lembrou o número de utentes sem médico de família que “continua a crescer”. “O ministro [da Saúde] não tem ideia do que fazer, não se compromete com prazos. E o primeiro-ministro faz parecer que não é nada com ele”, atirou. E as críticas à atuação socialista continuaram a surgir das restantes bancadas. O Chega falou num “diálogo fantoche” com os médicos, já a Iniciativa Liberal criticou as “medidas avulsas” do Ministério. À esquerda, o Bloco de Esquerda disse que o ministro da Saúde “tenta sacudir a água do capote”, o PCP responsabilizou o executivo socialista por “desmantelar” o SNS e o Livre pediu para acabar com a “assimetria” na informação sobre os privados. Em resposta à chuva de críticas – num assunto que divide o próprio PS –, Manuel Pizarro escudou-se no aumento do número de atendimentos das urgências, “de 17 mil no primeiro semestre de 2022 para 19 mil” no mesmo período deste ano. “Quando os factos contrariam, são uma chatice”, disse.
A resposta do ministro da Saúde não convenceu nenhum dos partidos. A deputada bloquista Isabel Pires, acusou Manuel Pizarro de estar em “negação” e de não “descer à realidade”. Também o Chega, na voz de Pedro Frazão, defendeu que os dados utilizados pelo ministro compunham um “discurso demagogo”. Sem responder diretamente às questões dos deputados, Manuel Pizarro insistiu que o Governo está empenhado num “diálogo sério” com os profissionais de saúde. “Tive uma reunião com a Ordem [dos Médicos], amanhã vou reunir com dois sindicatos. Não posso fazer na AR o diálogo que faço nas negociações”, disse.