A dias da apresentação do Orçamento do Estado (OE) para 2024, os socialistas inquietam-se com os sinais dados pelo Governo e pressionam politicamente António Costa, Fernando Medina, Manuel Pizarro e Mariana Vieira da Silva a olhar para a insustentável situação do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Há uma divisão nos socialistas: o ministro Manuel Pizarro está em avaliação pelos pares, mas no partido ainda olham mais para quem tem a mão no cofre. O Governo vai dizendo que não é um problema de dinheiro, dado que já houve um aumento da despesa com pessoal em €2500 milhões desde 2015, mas Pizarro abriu negociações com os sindicatos, admitiu avançar para as 35 h de trabalho para os médicos sem dedicação plena e mudar o diploma de organização do SNS.
A recusa dos médicos em fazerem mais horas extraordinárias nos hospitais acentuou o drama nas urgências levando a encerramentos e, politicamente, acrescentou problemas ao PS fora dos grandes centros urbanos de Lisboa, Porto e Setúbal. “Estou apreensivo e preocupado porque as urgências são, a par dos cuidados primários, a primeira porta de entrada no SNS. É difícil justificar o encerramento das urgências pois retira proximidade às populações e condições de acesso. Isto é sinal de deterioração do sistema”, diz António Lacerda Sales, deputado e ex-secretário de Estado da Saúde.