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Catarina Martins acusa ministro da Saúde de querer “esvaziar SNS”

Na única intervenção na rentrée bloquista, Catarina Martins criticou o ministro da Saúde por não conseguir um acordo com os médicos. “Podíamos dizer que Manuel Pizarro ficou surpreendido com sua própria incompetência. Mas é mais do que isso, há um plano de esvaziar SNS”, concluiu

Catarina Martins à chegada à XIII Convenção do Bloco de Esquerda, a última enquanto coordenadora
NUNO BOTELHO

Com a sala de aula lotada, a ex-coordenadora do Bloco de Esquerda desdobrou-se numa explicação sobre a crise do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e a necessidade de ir “roubar profissionais aos privados”. “O Governo está a despejar o SNS de profissionais, enquanto perdemos profissionais vamos mandando utentes para o privado. O caminho da esquerda é outro: não queremos mandar utentes ao privado, queremos ir buscar profissionais aos privados”, explicou Catarina Martins.

Além de apresentar as propostas do Bloco, a ex-dirigente deixou duras críticas ao ministro da Saúde e ao executivo de António Costa. A começar pela falta de acordo com os médicos que é visto como intencional. “Esta semana, Manuel Pizarro disse que está surpreendido porque não conseguiu chegar a um acordo. Podíamos dizer que Manuel Pizarro ficou surpreendido com sua própria incompetência. Mas é mais do que isso, há um plano de esvaziar SNS”, atirou.

“A grande proposta de Pizarro é um aumento [salarial para os médicos] que não chega aos 5%. Vale zero, nada”, atirou. E acrescentou: “são estes médicos que Pizarro acha surpreendente que não fiquem contentes”. Com um tom ligeiramente mais suave, Catarina Martins reconheceu que a medida é “justa”, mas “vem tarde”. A Federação Nacional dos Médicos considerou a medida um “insulto a toda a classe” e comunicou que irá manter as greves. Com a “surpresa” de Pizarro, Catarina Martins acusou o executivo socialista de “pôr culpas” nos médicos em vez de no Governo. "Isso é do mais perigoso que há”.

Outro dos exemplos usados por Catarina Martins foi a falta de obstetras no Hospital Santa Maria. “Tivemos este verão a saída de seis médicos de Santa Maria, já não há obstetras para fazerem escalas”, começou por explicar. Esta falta de profissionais obriga à passagem de muitos partos para os privados. “É o melhor negócio que os privados já tiveram. Paga-se cinco mil euros por parto vaginal. É um negócio milionário, é o Euromilhões dos privados”, resumiu.