A presença de Carlos Moedas na Festa do Pontal, no Algarve, não passou despercebida. Ainda nas graças de uma Jornada Mundial da Juventude (JMJ) elogiada pelo Papa Francisco, o autarca de Lisboa subiu ao palco e esteve atrás de Luís Montenegro na rentrée social-democrata, esta segunda-feira. Já a noite ia longa quando o presidente da Câmara Municipal de Lisboa foi confrontado com a polémica da ponte pedonal sobre o Trancão - depois de uma petição que já conta com pelo menos 15 mil assinaturas contestar o nome anunciado pela autarquia, o próprio cardeal-patriarca de Lisboa pediu que o seu nome não fosse atribuído à infraestrutura. “Não tenho qualquer comentário a acrescentar num momento de tanta felicidade para o país”, respondeu Carlos Moedas.
Neste momento, o foco do autarca e da sua equipa mantêm-se no “sucesso absolutamente único” da JMJ e no “agradecimento geral da população”. “O Papa disse que nunca tinha visto uma organização como foi esta em que referiu Lisboa como capital do mundo”, reforçou. E acrescentou: “tudo o que for à parte disso é apenas para diluir o sucesso de umas grandes Jornadas”.
Perante a insistência da RTP num comentário sobre a posição do patriarca de Lisboa, Carlos Moedas garantiu que irá falar “a seu tempo”.
O autarca terá ainda de responder à vereadora do Bloco de Esquerda, Beatriz Gomes Dias, que acusou o seu executivo de avançar com a atribuição do nome da ponte sem ter sido “apreciada” nem “votada” em reunião de Câmara por todos os vereadores. Também os vereadores do PS e do Livre em Lisboa já vieram criticar a “violação dos regulamentos da autarquia”.
Em resposta ao nome “Ponte Cardeal Dom Manuel Clemente”, atribuído pela CML à ponte pedonal sobre o rio Trancão criada na JMJ, foi criada uma petição para uma nova nomenclatura. Em menos de 24 horas, a petição ultrapassou as 7.500 assinaturas necessárias para a discussão chegar à Assembleia da República. Entre os argumentos dos autores estão a “suposta laicidade do Estado” e o alegado encobrimento de abusos sexuais de menores por membros da Igreja Católica por Manuel Clemente.
No dia seguinte à petição chegar às 15 mil assinaturas, o próprio cardeal-patriarca de Lisboa pediu que o seu nome não fosse atribuído à infraestrutura. Em comunicado, Manuel Clemente disse que não pretende que a nomenclatura “seja causa de divisão” ou que “alguém se sinta ofendido”.
À hora de publicação deste artigo, o site para assinar a petição estava em baixo e era impossível de aceder.