Política

Marques Mendes: pacote de habitação do Governo “assustou proprietários, fez subir rendas e tornou a vida mais cara”

Luís Marques Mendes não avançou se o pacote Mais Habitação será promulgado por Marcelo. Contudo, disse que as medidas já “assustaram proprietários”, fizeram “subir rendas” e contribuíram para que Lisboa se tornasse a “cidade mais cara da Europa” para arrendar casa. No comentário semanal na SIC, lançou ainda os cinco desafios do PSD, que tem a rentrée marcada para esta segunda-feira

O tema da habitação voltou a ser um dos tópicos centrais do comentário de Luís Marques Mendes, no Jornal da Noite deste domingo. O conselheiro de Estado desde 2016 não adiantou se Marcelo irá ou não promulgar o pacote Mais Habitação do Governo – que irá ocupar as “manhãs e noites” do presidente da República até ao final do mês. Contudo, não deixou de apontar falhas às medidas do executivo socialista. “Espero que o pacote ajude a resolver [o problema da habitação] se for aprovado, mas o contributo que teve até agora foi assustar proprietários, fazer subir rendas e tornar a vida mais cara”, atirou.

Com recurso a dados internacionais divulgados pelo Correio da Manhã, Marques Mendes revelou que Lisboa é hoje a cidade mais cara da Europa para arrendar casa, ultrapassando Amsterdão. Além disso, o preço médio de um quarto na capital é de 550 euros, o que representa um aumento de 29% num ano. Estes são dados “assustadores” e “preocupantes”, disse o comentador, já que os portugueses estão longe de apresentar um poder de compra semelhante aos residentes na Alemanha ou noutro país europeu.

Há ainda outras duas consequências negativas da crise de habitação: a saída das pessoas de Lisboa – “conheço casos concretos de pessoas que já saíram de Lisboa” – e a liquidação do “elevador social”. “Os empregos com melhores salários são em Lisboa e no Porto, mas há pessoas a rejeitá-los porque não compensa o valor tão elevado da casa”, explicou o social-democrata.

Marques Mendes olha para o pacote de habitação proposto pelo Governo com “muitas reservas” iguais às dos “especialistas no setor”. Por isso, pede uma “estratégia” dos dois maiores partidos, PS e PSD, para acabar com a crise habitacional.

A partir dos estúdios da SIC em Faro, Marques Mendes voltou a chamar a atenção para a “economia paralela”. Esta economia que foge ao pagamento de impostos, segundo um estudo recente da Faculdade de Economia da Universidade do Porto, já representa 34% do PIB. “Há 82 mil milhões de euros sem tributação, mais que os 37,5 mil milhões de fundos da União Europeia que Portugal tem para gastar até 2026", alertou. Esta “calamidade” pode ser explicada pelos “impostos altíssimos” que se pagam em Portugal.

A “reforma fiscal” da rentrée do PSD e o “grande desafio” das europeias da Iniciativa Liberal

Passando para a parte mais política do comentário, Marques Mendes apresentou os “cinco desafios” do PSD para o novo ano político. Para o comentador, uma maioria absoluta dos sociais-democratas nas eleições regionais da Madeira seria “positivo” para a liderança de Luís Montenegro. Também uma vitória nas eleições europeias significaria um “reforço da liderança” do PSD, ao mesmo tempo que terminaria com o ciclo de derrotas, já que o partido não ultrapassa o PS desde 2015.

O terceiro desafio, para o conselheiro de Estado, está em encontrar um cabeça de lista “forte” para as eleições europeias. A escolha deste candidato é especialmente relevante porque o nome socialista apontado até agora é o de Marta Temido que “goste ou não se goste” mostrou uma grande “popularidade” nas últimas sondagens. Por último, o PSD de Luís Montenegro deve “consolidar a oposição” através de um “discurso firme virado para as pessoas” e afirmar o “primeiro lugar nas sondagens”.

Com a rentrée marcada para segunda-feira, dia 14, o comentador da SIC avançou que o grande tema de Luís Montenegro será a “reforma fiscal”. “Há meses que Montenegro construiu uma equipa de economistas e fiscalistas para apresentar uma reforma fiscal. Agora vai antecipar-se ao Governo com uma proposta de redução no IRS”. Marques Mendes elogiou a escolha do tema de lançamento do PSD no novo ano político. “É desta maneira que o partido da oposição afirma prestígio e alternativa”.

No último sábado, dia 12, foi a Iniciativa Liberal a apresentar os temas da sua rentrée política. Um dos temas foi uma reforma na saúde que Marques Mendes considerou “positiva” por “dizer muito às pessoas”. Contudo, são as eleições europeias que o comentador colocou como o “grande desafio” dos liberais. “Se correr bem, ganha estatuto para ser um potencial parceiro do PSD em eleições nacionais. Se correr mal, não é o fim da IL, mas torna a sua vida mais difícil”, resumiu.

Até aqui, Cotrim de Figueiredo, ex-líder da Iniciativa Liberal, tem sido o nome apontado para as eleições europeias de 2024. Um nome “credível” e “forte”, segundo Marques Mendes.