Política

Marcelo prepara-se para levar caso TAP ao Conselho de Estado e dizer o que pensa "publicamente"

Não é comum, mas tratando-se do tema TAP, Marcelo prepara a exceção. “Vou ler (o relatório final da comissão parlamentar de inquérito), e se tiver coisas a dizer direi em primeiro lugar ao Conselho de Estado.” É daqui a uma semana.

RODRIGO ANTUNES/Lusa

Marcelo Rebelo de Sousa não se mostra disposto a permitir que a maioria socialista cale o caso TAP. Esta quinta-feira, à saída de uma visita à Comunidade Ismaelita, em Lisboa, admitiu levar as polémicas conclusões da comissão parlamentar de inquérito à TAP à reunião do Conselho de Estado que convocou para dia 21 no palácio de Belém. O Presidente ainda desconhecia o texto final - “foi votado enquanto eu estava aqui”, jsutificou - e sem conhecer o resultado definitivo disse querer esperar, mas anunciou que, sendo o tema que é, não irá ficar calado.

Estive a pensar. Normalmente não comento essas matérias porque não vêm ao Presidente da República (como vão as leis, os referendos, ou os estados de emergência)”, explicou, reconhecendo que as conclusões das comissões parlamentares de inquérito são “trabalho do Parlamento”. Mas a conversa tinha um ‘mas’.

“Mas" - afirmou - "o tema TAP é um tema sobre o qual o Presidente pode pronunciar-se e tem-se pronunciado várias vezes”. E o momento escolhido para o fazer não podia ser politicamente mais picante: “Qual é a minha ideia? Vou ler e se tiver coisas a dizer sobre esse tema direi em primeiro lugar ao Conselho de Estado, que vai reunir-se daqui a uma semana”. Depois, acrescentou, "consoante o que disser ou não o Conselho de Estado, eu direi publicamente”.

Recorde-se que a esta reunião do órgão de aconselhamento pessoal do Presidente da República foi convocada por Marcelo Rebelo de Sousa no rescaldo do caso Galamba, que o levou a defender junto do primeiro-ministro a demissão do ministro das Infraestruturas, coisa que António Costa não acatou. Numa comunicação ao país, Marcelo assumiu as suas divergências e acusou o Governo de “irresponsabilidade” por não tirar as ilações políticas dos incidentes ocorridos no Ministério de João Galamba e que envolveram os serviços secretos.

O tema da agenda deste Conselho de Estado foi anunciado pela Presidência como ‘análise da situação política e económica’. Agora, apimentada pelo caso que chegou a deixar o Governo por um fio.