Um “embuste”, uma “borracha” passada por cima do exaustivo trabalho dos deputados (“pago pelos portugueses”, lembrou o deputado do Chega) e uma “tentativa de limpar a imagem do Governo”. “Lamentável. As instituições têm de se dar ao respeito e o PS pôs a salvaguarda do Governo à frente dos interesses do país”, atirou o PSD. No dia em que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à gestão da TAP esperava debater durante mais de cinco horas o relatório final, a maioria absoluta socialista acabou sozinha a viabilizar o documento. Apesar do piscar de olho ao PCP, os comunistas votaram contra, assim como os restantes partidos. Só o PS votou a favor do relatório elaborado pela deputada do PS.
No total, os socialistas viabilizaram cerca de 40 propostas de alterações dos partidos que apresentaram sugestões (PS, PCP, BE e Chega). A grande maioria pertence ao PCP, que conseguiu ver aprovado o envio para o Ministério Público de indícios criminais apurados pela comissão, como o caso do pagamento de €15 milhões a uma consultora contratada por David Neeleman para assessorar a compra da TAP ou os indícios de fuga de contribuições para a Segurança Social dos administradores da TAP entre 2017 e 2019. Mas lamentou que o acervo não siga também para a IGF e para o Tribunal de Contas. Os comunistas conseguiram ainda inserir uma recomendação para uma auditoria da IGF para averiguar pagamentos à Airbus e a Neeleman. E vingou a tese de que não houve provas de ingerência das tutelas na gestão corrente da companhia aérea - aqui, não só o PS votou a favor como o PCP se absteve.