Política

Pedro Adão e Silva sobre CPI da TAP: há lógicas "degradantes da função política"

O ministro da Cultura fez uma nova ronda de críticas ao funcionamento da comissão parlamentar de inquérito da TAP, numa entrevista à TSF e ao Jornal de Notícias. Além de descrever os deputados como “uma espécie de procuradores do cinema americano”, dirige também reparos a políticos, comentadores e jornalistas por “alimentarem o discurso apocalíptico sobre o funcionamento das instituições”

Pedro Adão e Silva
Rita Carmo

Pedro Adão e Silva, ministro da Cultura, continua fazer uma apreciação dura ao funcionamento da comissão parlamentar de inquérito à TAP (CPI). Numa entrevista à TSF e ao Jornal de Notícias, Pedro Adão e Silva reiterou críticas às comissões parlamentares de inquérito. Apesar de reconhecer que já tiveram “um papel muito importante de valorização da atividade parlamentar” em momentos no passado, declarou que “há comportamentos e lógicas de funcionamento” das CPI que são “degradantes da função política”.

O governante disse anteriormente que viu na comissão de inquérito coisas que o “inquietam como cidadão”. Nesta entrevista, o ministro defende que a CPI se destinava a apurar as decisões tomadas na TAP e que a responsabilidade política “já foi assumida”.

Quanto aos acontecimentos no ministério das Infraestruturas – que envolvem João Galamba – Pedro Adão e Silva reconhece que “foi muito marcante e há uma reflexão a fazer sobre isso”, mas remete para uma avaliação política que não passe por uma comissão parlamentar de inquérito.

Numa análise sobre a degradação do ambiente político, o ministro atribui responsabilidades além da classe política e faz ligações à comissão parlamentar de inquérito da TAP.

“Acho que a transformação destas inquirições em noites de inquirição sem paragem, em saber se falou ao telefone às 10 ou 10:05, em que os deputados são uma espécie de procuradores do cinema americano de série B da década de 80, e que depois tudo isto se transforma e é prolongado numa telenovela ou naquele género de comentário, como se comenta os ‘reality shows’ nos canais noticiosos à noite, se isso não contribui igualmente para a degradação da imagem das instituições e da democracia”, disse.

O ministro criticou ainda políticos, comentadores, jornalistas, dizendo que “não percebem o mal que fazem ao por um lado alimentar o discurso apocalíptico sobre o funcionamento das instituições” e por terem “uma leitura da realidade política como se houvesse sempre um ciclo de apocalipse de 24 horas, que depois é substituído por outro ciclo de apocalipse nas 24 horas seguintes”.

A semana passada terminou com o pedido de demissão de Marco Capitão Ferreira, depois de o Expresso ter dado conta de que tinha contratado um assessor fantasma quando liderava a holding da Defesa, IdD - Portugal Defence.

Sobre este caso, Pedro Adão e Silva disse que se tratou de “uma decisão do próprio ex-secretário de Estado da defesa” e que desconhece se há uma investigação ou inquérito em curso. “Tomou uma decisão rápida de pedir a sua demissão. Tenho uma leitura sobre a responsabilidade política, que é de outra natureza, totalmente autónoma da responsabilidade criminal ou judicial”, disse.