Se recuarmos a 2022, quando o Governo tomou posse para um ciclo de maioria absoluta, a resposta para o dilema que continua a animar conversas dentro e fora do PS e que antecipa um eventual dilema na vida política de António Costa parece encontrada. O que o primeiro-ministro disse na Ajuda, depois de o Presidente da República o avisar de que se saísse “a meio do caminho” convocaria eleições, foi isto: “Os portugueses garantiram nestas eleições, como bem lembrou o senhor Presidente, a estabilidade até 2026.”
De então para cá, são quase tantas as vezes em que Marcelo falou de eleições antecipadas quantas as que Costa aproveitou para garantir que cumprirá os quatro anos, de tal forma que a sua ida para a Europa já nem devia ser tema. Mas a verdade é que continua a ser, quer em Bruxelas, quer em Lisboa. “A Metsola disse a quem quis ouvir que contam com o António”, relata um confidente do primeiro-ministro ao Expresso, referindo-se à recente presença da presidente do Parlamento Europeu em Portugal. Embora todos saibam que a dança das cadeiras em Bruxelas depende de uma série de variáveis que só se jogam definitivamente após as europeias de maio de 2024, a perceção de que ‘o António’ desta vez pode mesmo ter a oportunidade de chegar a presidente do Conselho Europeu já não sai do radar.