Política

Costa justifica ida à Hungria: fez escala e recebeu convite do presidente da UEFA

O primeiro-ministro diz que mantém “naturalmente relações de trabalho" com Viktor Órban, presidente da Hungria. Não explica o porquê de não incluir paragem na Hungria na agenda pública, nem antes nem depois. E num evento no Teatro Aberto, esta segunda-feira, não quis responder sobre o assunto

Hungria de Viktor Orbán cada vez mais perto do nível de vida do Portugal de António Costa
CARLOS COSTA/AFP via Getty Images

Minutos antes de ter uma iniciativa pública, esta segunda-feira, o primeiro-ministro fez sair uma nota à comunicação social a justificar a sua paragem na Hungria para ver o final da Liga Europa, quando ia de Falcon para Chisnau, na Moldova. Na nota, António Costa diz que se despachou mais cedo e como Budapeste fica na rota de Chisinau, aceitou o “convite que lhe tinha sido endereçado pelo Presidente da UEFA para assistir ao jogo da Final da Liga Europa”.

Na mesma nota, António Costa responde às críticas que lhe têm sido endereçadas desde que saiu a notícia dada pelo jornal Observador. Vários membros da oposição, incluindo Paulo Rangel do PSD, consideraram que a ida de Costa à Hungria tinha sido “pessoal”, para se encontrar com o presidente húngaro e para tratar do seu futuro na Europa. Por isso, o primeiro-ministro faz questão de guardar um parágrafo para explicar a sua relação com Viktor Órban e o porquê de se ter sentado ao seu lado. O Primeiro-Ministro mereceu, por parte da UEFA, o tratamento protocolar adequado tendo sido sentado ao lado do seu homólogo húngaro, com quem mantém naturalmente relações de trabalho”, diz.

Na sua justificação, Costa diz ainda que decidiu aceitar o convite, uma vez que concluiu “atempadamente os seus compromissos oficiais em Portugal” e a Cimeira da Comunidade Política Europeia, em Chisinau, só teria lugar na manhã seguinte. Apesar das explicações, António Costa não explicou o porquê de não incluir a paragem na Hungria na agenda pública.

Só “bairros saudáveis”. Costa evita responder sobre Hungria

Num evento relacionado com o programa “Bairros Saudáveis”, no Teatro Aberto, em Lisboa, António Costa discursou no palco ao lado de Helena Roseta, responsável pelo projeto, e anunciou inclusive que o programa iria ser tornado permanente (de 3 em 3 anos), mas, depois disso, saiu sem prestar qualquer declaração aos jornalistas. Tirou selfies com algumas pessoas presentes no evento, enquanto os jornalistas esperavam pelo primeiro-ministro para lhe fazer perguntas sobre a polémica deslocação à Hungria, mas António Costa saiu sem responder.

Minutos antes, contudo, o gabinete do primeiro-ministro tinha emitido uma nota às redações onde confirmava a notícia divulgada pelo jornal Observador na última sexta-feira, defendendo que apenas tinha feito uma paragem no roteiro a caminho da Moldova e que o “protocolo” ditou que se sentasse ao lado do primeiro-ministro húnagro.

Acontece que António Costa continua sem responder porque é que manteve esse evento à margem da sua agenda pública, antes e depois de o evento se realizar, nem sequer explica se a antecipação do debate que teria no Parlamento no dia 31 de maio (que foi antecipado por vontade do Governo para dia 24) teve a ver com a intenção de o primeiro-ministro ir para a Moldova um dia mais cedo e conseguir assim estar presente no jogo entre a Roma e o Sevilha, na Hungria. “Afinal, foi para ir ao jogo”, disse o líder parlamentar do PSD em declarações ao jornal Observador, sugerindo que ao contrário do que diz o gabinete no primeiro-ministro, a paragem na Hungria a caminho da Moldova não foi tão inesperada e espontânea quanto isso.

No Teatro Aberto, António Costa falou apenas sobre o programa “Bairros Saudáveis”, anunciando que iria mesmo tornar-se um programa permanente, a realizar-se de três em três anos. Segundo dados de Helena Roseta, o programa Bairros Saudáveis permitiu, nos últimos três anos, executar 240 projetos e apoiar 145 mil pessoas de norte a sul do país com um orçamento de 10 milhões de euros. Dos 240 projetos realizados, 70 foram no Norte, 34 no Centro, 93 em Lisboa e Vale do Tejo, 27 no Alentejo e 16 no Algarve, sendo a taxa de execução de 98%.