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Política

Paralelos e diferenças entre os atuais contextos políticos português e espanhol

O contexto espanhol tem algumas semelhanças com o português mas, também, diferenças significativas. Aparte disto, dá-se uma coincidência curiosa: lá como cá, julho será um mês decisivo. Em Espanha, é certo que haverá eleições e, em Portugal, é certo que haverá Conselho de Estado. No caso espanhol, as eleições resultarão em novo governo. E no caso português, será que o Conselho de Estado dará substância ao espectro de eleições?

Os resultados das eleições autonómicas e municipais espanholas de domingo passado - uma hecatombe do PSOE que motivou Pedro Sánchez a pedir a dissolução das Cortes - suscitam naturais comparações entre os contextos políticos português e espanhol. Contribuindo para o debate, eis os pontos que considero mais relevantes:

- Pedro Sánchez tem um instinto político muito semelhante ao de António Costa. Provocar eleições antecipadas significa, sobretudo, pressionar o PP a concluir apressadamente as negociações para formar governo nas autonomias onde não obteve maioria (caso, por exemplo, da Extremadura). Até julho, o PP tem pois um desafio de magnitude: provar que consegue formar governos sem o VOX. Caso contrário, Sánchez passará a campanha para as legislativas a insistir que, tal como nas regiões autónomas, uma vitória do PP significará a entrada do VOX no governo de Espanha. Além do mais, poderá jogar com a disputa pelo protagonismo no PP. Parte da notoriedade de Isabel Diaz Ayuso – mais chegada à direita que Alberto Núñez Feijóo, líder dos populares - deve-se precisamente ao facto de governar a comunidade de Madrid sem precisar do VOX. Por outro lado, e como bom comunicador, Sanchéz procura colar o PP ao VOX, e ambos a Trump, enquanto suaviza a sua coligação governativa com a esquerda radical (que qualifica de coligação “social democrata”).