Depois do drama, a desdramatização. António Costa não quer que desacordo com o Presidente seja visto como uma “afronta” e vai deixando claro que não quer forçar eleições. Partido e Governo estão às escuras sobre o que vai o Presidente da República dizer ao país esta noite às 20h, por isso é tempo de engolir a euforia que se espalhou em muitos socialistas com o golpe de asa do primeiro-ministro e retirar pressão sobre Marcelo Rebelo de Sousa. Em São Bento, vai-se repetindo a palavra “lealdade”.
“Não houve nenhuma afronta, houve apenas uma divergência exposta com total lealdade”, ouve o Expresso de fonte próxima do primeiro-ministro, procurando retirar pressão de Belém. Se é a Costa que cabe o poder constitucional de demitir ministros, é a Marcelo que cabe o poder de dissolver a Assembleia da República e, embora esse seja um cenário em que ninguém no Governo acredita, o Presidente tem o poder na mão. Reunido nos últimos dois dias em Braga para um Conselho de Ministros descentralizado, a ordem foi para serenar os ânimos e controlar os danos, ciente dos riscos que Costa correu quando agitou a coabitação.