Política

Paulo Raimundo diz não entender como afirmações de Lula sobre paz criaram "embaraço"

"É preciso que todos os esforços dos países, independentemente das opções que têm, sejam no sentido de construir a paz. Andamos a dizer isso ainda a guerra não tinha assumido a escalada que assumiu. Tudo o que é caminho para a paz estamos de acordo", disse

NUNO VEIGA/Lusa

O secretário-geral do PCP disse esta quinta-feira não compreender como é que as declarações do presidente brasileiro "de que era preciso falar mais de paz e menos de guerra", criaram "embaraço", defendendo ser preciso "afirmar a paz, não a guerra".

"O que é embaraçoso é como é que uma proclamação de Lula, apelando a que é preciso falar mais de paz e menos de guerra, como é que isso é um embaraço. Fico constrangido com o embaraço que cria falar-se de paz e não se falar de guerra", afirmou o dirigente comunista.

Paulo Raimundo, que falava aos jornalistas à margem de um encontro com as trabalhadoras da Huber Tricôt - Confecções, em Santa Maria da Feira, defendeu ser preciso "afirmar a paz", não a guerra.

"Se há coisa que o 25 de Abril acabou foi com a guerra e abriu os caminhos da paz para o país", disse, acrescentando que o presidente brasileiro, Lula da Silva, reforçou a necessidade de se encontrarem "os caminhos para a paz".

"É preciso que todos os esforços dos países, independentemente das opções que têm, sejam no sentido de construir a paz. Andamos a dizer isso ainda a guerra não tinha assumido a escalada que assumiu. Tudo o que é caminho para a paz estamos de acordo", disse.

E acrescentou, "aliás, não só estamos de acordo, como achamos que esta preocupação cresce e alarga cada vez mais na sociedade portuguesa e não só".

Na semana passada, durante a sua viagem à China e aos Emirados Árabes Unidos, Lula da Silva disse que os EUA deveriam deixar de "encorajar" a guerra e "começar a falar de paz", tal como a União Europeia, e insistiu em apontar-lhes o dedo por "contribuírem" para a continuação da guerra, enviando armas ao Governo ucraniano.

Depois de ter sido criticado pelos Estados Unidos da América e pela União Europeia pelas suas declarações, o Presidente brasileiro salientou, na terça-feira, que condena a invasão russa da Ucrânia, ao mesmo tempo que defende a paz.

“Ao mesmo tempo em que o meu governo condena a violação da integridade territorial da Ucrânia, defendemos uma solução política negociada. Falei da nossa preocupação com os efeitos da guerra, que extrapolam o continente europeu", disse Lula da Silva.

O Brasil condenou a invasão da Ucrânia na ONU, mas também se alinhou com as posições da Rússia, votando a favor de uma investigação sobre o ataque ao gasoduto Nordstream em setembro passado.