Carlos Moedas vai ser recebido este sábado, 22 de abril, no Vaticano pelo Papa Francisco. O pretexto é assinalar a data em que ficam a faltar exatos 100 dias para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que voltará a juntar o presidente da Câmara de Lisboa e o sumo pontífice da Igreja Católica em agosto, aí já na capital portuguesa.
Na visita com Moedas vai também o vice-presidente da Câmara, Filipe Anacoreta Correia. Ambos seguem para Roma já esta sexta-feira, sendo recebidos no sábado, pelas 10h locais (menos uma em Portugal continental), no Palácio Apostólico, residência oficial do Papa.
Como têm feito todos os intervenientes desde o momento de negociação que se seguiu à polémica sobre os custos da JMJ, Moedas vai garantir ao Papa Francisco que a cidade está preparada para o evento. “Lisboa não falhará”, escreve mesmo o presidente da Câmara, no anúncio da visita.
O autarca diz também que os trabalhos decorrem dentro do calendário previsto e que, “no que depende da autarquia”, todos os “exigentes pormenores estão a ser devidamente acautelados”.
Recorde-se, a esse propósito, que algumas tarefas que cabiam à Câmara de Lisboa passaram entretanto para a Igreja, como o segundo grande palco do evento, no Parque Eduardo VII. É lá que o Papa Francisco será recebido quando chegar a Portugal, como foi sempre vontade de todas as entidades envolvidas (incluindo as de relação indireta com a JMJ, como Marcelo Rebelo de Sousa).
Além do Parque Eduardo VII, no centro de Lisboa, o líder da Igreja Católica estará ainda no altar-palco de Loures, junto ao rio Trancão, a celebrar a missa final, no dia 5 de agosto, acabando a estadia no dia seguinte, em Oeiras — o último evento, o “encontro com voluntários”, também saiu da alçada de Lisboa.
“Estamos já em contagem decrescente para um evento único que vai marcar Lisboa e o país”, garante Carlos Moedas.
Já há mais de meio milhão de inscritos e 20 mil voluntários
Segundo os números mais recentes enviados pela organização da JMJ ao Expresso, há por esta altura cerca de 550 mil peregrinos pré-inscritos na Jornada. São oriundos de mais de 200 países, com destaque para o continente americano. Entre os países com maior expressão de inscritos estão a Argentina, o Brasil, a Colômbia, o México e os Estados Unidos da América. Na Europa, sobressaem França, Itália, Polónia e Espanha, além, claro, de peregrinos portugueses.
A organização da Jornada nunca quis comprometer-se com números, embora admitindo que trabalha com a possibilidade da chegada de mais de um milhão de pessoas ao país nesses dias de agosto — a semana principal é de 1 a 6, mas os peregrinos começam a chegar antes disso.
Outra das dúvidas prende-se com os voluntários, parte essencial do trabalho de organização e execução do evento. Diz o comité organizador que há agora cerca de 20 mil voluntários inscritos. No entanto, “como alguns dos voluntários acabam por não terminar o processo, por motivos vários, continuamos a campanha de angariação de voluntários, que são a força da JMJ”, esclarece a organização ao Expresso.
Em fevereiro, logo após ser conhecido o relatório da comissão independente aos abusos na Igreja, o bispo auxiliar de Lisboa, Américo Aguiar, garantiu que as revelações não alteraram as intenções dos peregrinos em relação ao evento em Portugal. Essas “decorrem no coração de cada um”, disse Américo Aguiar.
Os na altura 500 mil inscritos estavam, portanto, em linha com o previsto, “sem que houvesse qualquer tipo de reação” ao relatório, “nem melhor nem pior”.