Política

Autor do "Manguito": "Escolhi Belém porque é o Presidente que pode dissolver o Parlamento"

“Criámos o movimento ‘O Manguito’ que está a crescer desmesuradamente”, diz Carlos Oliveira, autor da peça contra “a desgovernação” do país que deixou às portas do Palácio de Belém e Marcelo mandou acolher. Se Costa o convidasse a depositá-la em S. Bento “não aceitava”. “Eu sei fazer escolhas e quem pode dissolver o Parlamento é o Presidente”, diz ao Expresso

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Carlos Oliveira, autor da peça ‘O Manguito’ que esta segunda-feira foi depositada no passeio em frente ao Palácio de Belém e, depois, alojada nos jardins da residência oficial do Presidente da República, diz que a escolha do local “foi intuitiva”. “Escolhi Belém tendo em conta o que vou acompanhando na comunicação social, o estado de desgoverno, corrupção e erros cometidos a que o país chegou e a forma como o Presidente da República se tem posicionado, quer na entrevista à RTP, quer no que tem afirmado do Governo”, disse o artista ao Expresso.

“Saímos das Caldas (eu e cinco pessoas) sem saber onde iriamos deixar ‘O Manguito’ mas foi aquele local que me puxou, porque a pessoa que tem capacidade de dissolver o Parlamento é o Presidente da República”, acrescenta Carlos Oliveira, que esculpiu a peça há 10 anos, mas sentiu ter chegado a altura de a trazer para a praça. Em sinal de “descontentamento popular em relação à governação”.

Reconhece que S. Bento é mais usado para manifestações, mas diz que “quando há qualquer coisa toda a gente corre para Belém”. E é sobre o Presidente da República que ‘O Manguito’ coloca a pressão.

Marcelo Rebelo de Sousa não apareceu, mas o artista conta ao Expresso que “quando a polícia municipal se preparava para seguir ordens da Câmara Municipal para apreenderem a peça, o Chefe da Segurança da Presidência veio-nos dizer que tinha ordens superiores para que a peça fosse para lá". E Carlos Oliveira considera “que ficou lá muito bem”.

Está previsto vir a reunir-se com a assessoria cultural do Presidente para avaliarem quanto tempo a obra permanecerá no Jardim do palácio de Belém. E em S. Bento? “Em S. Bento não aceito”.

Carlos Oliveira diz-se “discípulo assíduo do Salgueiro Maia”, garante não ter ligações a partidos e diz querer ir “pela via da cidadania”. “É hora de o povo fazer o manguito”, avisa, anunciando um “movimento nas redes sociais que está a crescer desmesuradamente”. “Vai haver mais episódios e multiplicações do manguito”, antecipa o artista. A Presidência da República confirmou à Lusa ter disponibilizado os jardins para acolher a obra, feita em co-autoria com a dupla Malibu Ninjas, e que tem dois metros de altura e 70 quilos de peso.

“Muito grato” pela receção em Belém, Carlos Oliveira diz que “o gesto da Presidência só dignifica o nosso trabalho, pois o seu significado acaba por ser selado pelo Presidente" - "É um movimento artístico de descontentamento com tudo o que está a acontecer”.