Menos de três horas depois de a IL ter rompido o acordo nos Açores, o líder do partido, Rui Rocha, disse que a solução estava esgotada, após “sucessivos incumprimentos” por parte do PSD. Mas garante que o partido continuará a estar disponível para apoiar o Governo regional, avaliando cada uma das medidas apresentadas pelo executivo de José Manuel Boleiro.
“A IL esteve sempre com sentido de responsabilidade, tentado promover no âmbito desse acordo as condições e soluções políticas mais favoráveis para os açorianos, mas entendeu agora que face a um conjunto de circunstâncias não havia nenhuma possibilidade de o PSD continuar a cumprir parte substancial do acordo”, afirmou Rui Rocha, em declarações aos jornalistas, no Parlamento.
Rejeitando uma “jogada política”, por ter visitado há dois dias os Açores, o líder da IL explicou que a decisão tomada pelo partido resulta de um “acumular de situações de incumprimento” daquilo que é a base do acordo, levando a IL a entender que é o momento de formalizar a cessação do acordo. “Quem não está a cumprir e quem não cumpriu o acordo foi o PSD”, atirou.
Entre as críticas, o líder liberal sublinhou a subida recente do ISP, “sinais de instabilidade” no Governo - com a demissão do secretário regional de Saúde -, a política de transportes e “práticas de serviço de clientelas” no aparelho regional.
Considerando que não está em causa a queda do Governo regional, Rocha assegurou que a IL continuará a estar disponível para “analisar cada um das propostas” e o Orçamento. "Se trouxeram vantagem para os açorianos, a IL cá estará para viabilizar as boas propostas que forem apresentadas", afiançou.
Sem “moção de confiança”, Ventura admite eleições antecipadas
Já André Ventura criticou aquilo que considera ser uma “jogada política” do novo líder liberal, acusando-o de “enorme irresponsabilidade” ao causar instabilidade nos Açores no atual contexto. “É o mais baixo que há na política, por em risco as populações por causa de jogos políticos”, atirou, considerando que os eleitores açorianos não compreenderão uma crise lançada no atual contexto de inflação, instabilidade no Governo central e a proximidade das eleições na Madeira. “Não é o momento de criar instabilidade nos Açores. Tem de haver noção e responsabilidade”, insistiu.
Para o líder do Chega, esta é uma “crise artificial” e “desnecessária”, que só tem um responsável, ignorando o facto de o ex-deputado do partido, Carlos Furtado, também ter rompido com o acordo: "Isto tem um propósito claro: tentar retirar o Chega da equação da coligação dos Açores, mas isso não será possível”, acrescentou.
O líder do Chega adiantou que vai sugerir ao deputado do seu partido para apresentar uma moção de confiança na Assembleia Legislativa para “relegitimar” o executivo regional e que o partido estará do lado da “estabilidade”. Caso contrário, não vê outra alternativa a não ser a convocação de eleições antecipadas nos Açores:
"Ou a IL ou o deputado independente voltam atrás, e dão pelo menos uma carta branca para que o Governo se mantenha em funções até outubro ou é evidente que não há nenhuma condição para o Governo dos Açores se manter em funções e, assim sendo, não vejo outra solução que não seja eleições", frisou.
Com isso, forçaria a IL a decidir em concreto sobre a manutenção ou não do Governo. O presidente do Governo regional já veio, contudo, rejeitar a apresentação de tal moção.