A pressão estava alta, já tinha até chegado ao Palácio de Belém, onde há preocupação com a ambiguidade do PSD em relação ao Chega. “O PSD já devia ter arrumado esta questão”, deixando claro que não fará acordos com o partido de André Ventura, confirmou o Expresso, na última edição, junto da Presidência da República. A continuar assim, receava-se em Belém, o PSD “arrisca-se a perder para o Chega e para a IL, e a abrir divisões no partido”. Conhecido por não gostar de se desviar do guião, o líder social-democrata já começa a dar sinais de que não é imune à pressão. Após dias sucessivos a ser confrontado pelos jornalistas, Luís Montenegro tentou resolver o assunto ontem e atirou: “Eu não posso ser mais claro. As pessoas têm um bocadinho a ideia de que ser claro é dizer sim ou não. Não pôr isso na agenda de prioridades é uma decisão voluntária, consciente e convicta”, disse, assegurando que só aceitará ser primeiro-ministro se o PSD ganhar as eleições legislativas e rejeitando qualquer espécie de ‘geringonça’ à direita.
“Não estou aqui à procura de ser primeiro-ministro com arranjos parlamentares. Isso é o caminho do doutor António Costa”, disse Luís Montenegro. que passou a semana no distrito da Guarda. E acrescentou: “Claro que eu não me vou sentar a discutir essas coisas com ninguém. Não é com o doutor Ventura. Eu não vou discutir isso com ninguém, a não ser com a minha gente. E a minha gente são os portugueses que andam na rua, são os portugueses que todos os dias têm dificuldades.” O líder do PSD espera, assim, fazer a clarificação, aquilo que um dia pode ser o apelo ao voto útil: a decisão tem de ser votar no PSD para o PSD ganhar ao PS, não esperem por maiorias de direita se o PSD não for o mais votado. Mas restará sempre mais uma pergunta: e se for o mais votado, mas sem maioria absoluta, com quem é que se senta a discutir?